Um estudo da Escola de Medicina de Stanford, publicado no jornal Psychosomatics, acompanhou 18 pais de bebês qe ficaram internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal que apresentaram quadros de stress e ansiedade, tanto homens quanto mulheres.
Após quatro meses, três tinham diagnóstico de TEPT (uma condição mental mais associada a sobreviventes de guerra, acidentes de carros e agressões, mas atualmente encontrada em pais de bebês prematuros em tratamento intensivo prolongado), e sete foram considerados com alto risco para desenvolver a doença.
Em outro estudo, pesquisadores da Universidade Duke entrevistaram os pais seis meses após a data de nascimento de seus bebês. Os pesquisadores os avaliaram em três sintomas de estresse pós-traumático: evasão, falta extrema de sono e flashbacks ou pesadelos. Dos 30 pais, 29 apresentaram dois ou três dos sintomas, e 16 tinham todos eles.
Especialistas dizem que pais de bebês da UTIN passam por múltiplos traumas, começando com o parto prematuro, que é muitas vezes inesperado. "O segundo trauma é ver seu próprio bebê sendo submetido a traumáticos procedimentos médicos, e também testemunhar outros bebês passando por experiências similares", disse o autor do estudo de Stanford, Dr. Richard J. Shaw, professor-associado de psiquiatria infantil em Stanford e no hospital infantil Lucile Packard.
"Em terceiro lugar, eles frequentemente recebem notícias ruins em série", xplicou. "As más notícias continuam chegando. É diferente de um acidente de carro, uma agressão ou um estupro, onde você experimenta um trauma único e tudo acaba, então você tem de lidar com aquilo. Com um prematuro, sua experiência volta toda vez que você olha para seu bebê".
O estudo de Stanford descobriu que, embora nenhum dos pais tenha apresentado sintomas de estresse agudo enquanto seus filhos estavam na UTIN, eles na verdade tinham taxas mais altas de estresse pós-traumático do que as mães, quando eram examinados posteriormente. "Aos quatro meses, 33% dos pais e 9% das mães tinha TEPT", disse Shaw.
Pode ser que as funções culturais levem os homens a manter uma fronte valente durante o trauma para apoiar sua parceira, disse Shaw, acrescentando, "mas três meses depois, quando as mães se recuperam, os pais já poderiam desabar".
O estresse pós-traumático pode assumir a forma de pesadelos ou flashbacks. As pessoas podem sentir pânico sempre que um bip se interrompe na unidade de tratamento intensivo, ou podem evitar o trauma deixando de visitar a unidade ou se distanciando emocionalmente de seus filhos. Com o tempo, elas podem desenvolver depressão, ansiedade, insônia, enfraquecimento, raiva e agressividade. Esses sintomas, obviamente, podem prejudicar suas habilidades como pais.
Diversos estudos já mostraram que o risco de TEPT não possui relação com o tamanho ou a saúde do bebê, ou o tempo de permanência na UTIN. "A relação é com a forma como os pais lidam com a internação", disse Shaw. "Alguns são mais resistentes, e outros mais vulneráveis".
Especialistas dizem que os pais com maiores riscos de estresse pós-traumático devem ser identificados antecipadamente, e receber ajuda que os prepare para lidar com o trauma inicial. Porém, muitos hospitais são focados em salvar os bebês, e não nas crises emocionais dos pais.
"Alguns hospitais possuem programas realmente ótimos, e em alguns deles, a realidade é na verdade muito triste", disse Liza Cooper, diretora do Programa de Apoio Familiar à UTIN March of Dimes, que oferece apoio psicológico a pais em 74 hospitais em todo o país. Embora a maioria das unidades tenha assistentes sociais, continuou ela, "não há ninguém para dar apoio aos pais, proporcionar atividades em grupo ou educação".
Outros hospitais juntam pais de bebês prematuros em tratamento intensivo com aqueles que tiveram a mesma experiência. Um estudo descobriu que, 16 semanas após o parto, as mães que foram colocadas ao lado de veteranos da UTIN apresentavam menos ansiedade e depressão, e sentiam ter maior apoio social, do que mães num grupo de controle.
O TEPT não tratado traz efeitos prolongados na criança. Durante a estada na UTIN, por exemplo, pais traumatizados podem achar difícil segurar ou até mesmo olhar seu bebê, e isso pode afetar profundamente a ligação da criança à mãe. Mais tarde, as mães podem atravessar a "síndrome da criança vulnerável", na qual se tornam tão ansiosas que um pequeno acontecimento médico as coloca em pânico. Riscos normais do dia a dia podem parecer ameaças fatais; as crianças podem aprender como obter a atenção dos pais de forma pouco saudável, a partir de reclamações físicas.
Saiba mais em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2009/09/10/ult4477u2027.jhtm
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