7.3.11

Cegueira de gênero: corta tua vagina senão te rasgarás - Breve revisão de pesquisas sobre Episiotomia

Definição: Alargamento cirúrgico do orifício vaginal, por meio de uma incisão no períneo, durante a última parte da segunda etapa do parto (expulsivo). 

Motivos sugeridos para sua realização: prevenção de roturas perineais severas; preservação do assoalho pélvico e períneo; aumentar o diâmetro vaginal de modo a facilitar o nascimento; promover facilidades de reparo.  

Efeitos adversos relacionados à episiotomia: extensão da incisão; cicatrização anatômica insatisfatória; dor; edema; outras complicações como sangramentos; infecção e formação de abscesso. Custos de procedimentos e materiais também devem ser considerados. 

Estudo com mais de 6 mil mulheres descobriu que o primeiro determinante para o uso da episiotomia refere-se ao prestador do cuidado obstétrico; e não às características das pacientes. 

Pesquisas encontraram as mais altas taxas de episiotomia entre médicos do sistema privado de saúde; e também entre mulheres com 30 anos ou mais, brancas, casadas, primeiro filho e com mais de 12 anos de formação escolar. Outra pesquisa considerou mais de 5 mil mulheres em dois grupos: que tiveram episio de rotina e outro de uso restrito. O primeiro grupo teve episio em 75% dos partos, contra 28% do grupo de uso restrito. 

Os benefícios citados na política de uso restrito incluem: menos traumas perineais graves; menos suturas; e menos complicações no sétimo dia de recuperação. Não houve diferença na dor; incontinência urinária; sexo dolorido; ou trauma vaginal/perineal severo após o nascimento. 

Também foi cientificamente comprovado que, quando a episiotomia é feita no primeiro parto vaginal de uma mulher, fica aumentado o risco de existirem lesões espontâneas em seus partos subseqüentes. 51% de um grupo de mulheres que têm em seu histórico uma episio, tiveram lacerações espontâneas em partos posteriores. Em comparação, entre as que têm histórico de lacerações naturais, apenas 27% delas repetiram a lesão. 

Este estudo conclui que, para prevenir uma única lesão espontânea grave, o obstetra deve realizar outras 32 episios desnecessárias. Também concluíram que, em partos de primíparas, a realização da episiotomia é ineficaz na prevenção de lesões espontâneas de 3º e 4º graus. 

Estas pesquisas evidenciam que há uma variedade de motivações o uso da episiotomia; e que elas se baseiam principalmente em opinião médica. As informações hoje disponíveis, em conjunto com a opinião médica, sugerem que não há evidências suficientes para a recomendação do uso rotineiro de episiotomia

Fonte: dra. Simone Diniz (FSP/USP) 

O trecho em destaque é um exemplo do que, nos Estudos de Gênero, é chamado “viés de gênero” ou “cegueira de gênero”. Aquela pesquisa concluiu que não houve diferenças na sensação de dor no pós-parto comparando mulheres que tiveram partos com e sem episio. Foram avaliadas mais de 5 mil mulheres, um estudo super respeitado; mas que, ao desconsiderar a transversalidade das questões de gênero, deixa de compreender uma série de fatores que também são parte de um todo – que é fato de que somos nós mulheres quem parimos. 

Para saber mais sobre cegueira de gênero e parto, acesse o artigo Gênero, Saúde Materna e o Paradoxo Perinatal, de Simone Diniz. 

Para saber mais sobre episio, acesse: http://www.rituaismaternos.com/episiotomia/, de Maria João

Não quer episio? Converse e muito com o profissional que vai te prestar a assistência ao parto. Para evitar lacerações naturais, busque informações sobre como controlar a vontade de expulsar seu filhote neste momento que é tão .... (muitas palavras): único; transcendental; enérgico; apaixonado; e fisiológico – que é momento exato do nascimento. Converse com todos os que estarão te acompanhando neste momento, e peça que te ajudem a trabalhar contra o excesso de força típico deste momento. 

Fonte: http://partonobrasil.blogspot.com/2011/02/cegueira-de-genero-corta-tua-vagina.html
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