BEBÊS RECUSAM as PRIMEIRAS PAPINHAS:
Reflexo de Extrusão + Neofobia – parte da explicação
Depois dos 6-7 meses, dependendo de cada mãe-bebê, há necessidade de além do leite materno o lactente comece com as papas de frutas e os purês de legumes para suprir suas necessidades calórico-protéicas e sensoriais para o seu crescimento e desenvolvimento.
Para superar o reflexo de extrusão ou protrusão lingual
Um aspecto fundamental para o início da introdução dos novos alimentos passa pela perda do reflexo de extrusão. Este é um reflexo de defesa fisiológico (normal) que consiste na projeção para fora da boca do que se introduz na face anterior da língua do bebê. Este reflexo é perdido em média por volta dos 4-6 meses, o que significa que a partir dessa idade o lactente está apto a deglutir o que lhe é dado de colher. Este reflexo pode desaparecer mais precocemente se antes dos 5 meses se começar a introduzir alimentos na boca da criança com uma colherzinha.
Não lhe parece óbvio que isto aconteça? O lactente mamava no peito um líquido e de repente ele tem que comer um semi-sólido e ainda mais com uma colher! Os movimentos da musculatura da língua e de toda a boca são bem diferentes e ele merece um tempo para esta adaptação.
Antes de o lactente perder o reflexo de extrusão, os complementos de alimentos sólidos são difíceis de dar na colher. Dos 4 aos 6 meses o reflexo de extrusão desaparece e a habilidade para engolir alimentos não líquidos estabelece-se. Neste período o bebê já controla melhor os músculos da boca e língua, e já pode sentar-se com apoio.
Dicas para introduzir as papas
Um bebê que começa a comer sozinho deve poder “brincar” com a comida, porque a brincadeira é o seu modo de aprender, de fazer experiências: a criança deve poder enfiar as mãozinhas na papa, tentar levá-las à boca, retirar a colher das suas mãos, tentarem segurá-la para depois jogar fora o conteúdo, pegar no copo e derramar a água. Uma, duas, três… dez vezes.
Quanto mais o encorajar a comer sozinho, mais rápido aprenderá. Deixe que mergulhe as mãozinhas na maçã esmigalhada e que tente chupar os punhos, aprenderá rapidamente a fazê-lo intencionalmente. Dê-lhe comida lentamente. De modo a dar-lhe tempo de pegar por si próprio num pouco de comida. Dê-lhe qualquer coisa que possa comer facilmente com as mãos: rodelas de cenoura cozida, biscoito de polvilho, pedacinhos de pão.
Utilize sempre 2 colheres infantis (pequenas e de plástico): uma para lhe dar comida e outra para que possa brincar com ela e aprender a utilizá-la. Esteja pronta a trocar a sua colher cheia de papa pela outra vazia, para que possa tentar encher a boca por si próprio. E enquanto a enésima colherada de alimento cai por terra… mantenha o ânimo.
Um pequeno truque para prevenir inconvenientes no momento do desmame é o de tornar a colher num objeto familiar, deixando-o à disposição da criança mesmo fora do horário das refeições e permitindo-lhe levá-la à boca e chupá-la. Para o bebê tornar-se-á assim um elemento de brincadeira, não associado apenas à passagem do leite para a nova alimentação.
Se o bebê recusar persistentemente a colher, é inútil forçar naquele momento. Dê o peito e tente de novo em seguida.Deve-se começar a papa com uma colher, para que a criança compreenda que aquele será o novo modo de comer. Nunca bater no liquidificador (as frutas ou legumes) para dar na mamadeira.
BEBÊS TAMBÉM TEMEM O NOVO
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Neofobia - A difícil aceitação dos novos sabores e consistências
Estudos sobre comportamento alimentar de crianças pequenas mostraram existir, no estabelecimento de preferências alimentares, influências de fatores hereditários e ambientais.
A percepção dos sabores é também fruto de experiências, sendo resultado de uma série complexa de estímulos que se alternam com a experimentação.
Fatores psicosociais influenciam as experiências alimentares, proporcionando a aprendizagem inicial para a sensação da fome e da saciedade e para a percepção dos sabores.
A chamada “neofobia” é uma característica muito observada em lactentes aos 5-6 meses e pré-escolares (crianças de 1 a 6 anos) e significa a relutância em consumir novos alimentos, considerados inicialmente estranhos. Estudos mostram que a rejeição precoce pode ser alterada com a experiência, indicando que muitos dos alimentos que as crianças rejeitam inicialmente poderão acabar sendo aceitos se a criança tiver ampla oportunidade de provar o alimento em condições favoráveis. Nessa perspectiva, a rejeição precoce a novos alimentos pode ser considerada como um exercício de adaptação. Muitas vezes um mesmo alimento deve ser ofertado por 10-15 vezes até que seja aceito.
Como evitar
Estudos sobre a exposição repetida de novos alimentos com lactentes e pré-escolares mostraram que não basta apenas ver ou sentir o cheiro; é necessário que a criança prove o alimento para que se produza o condicionamento, aumentando a aceitação do mesmo. Geralmente, isso ocorre após 12 a 15 apresentações do alimento. Com isso, podemos deduzir que não se deve desistir de oferecer um alimento a uma criança devido às recusas iniciais.
Não é que ele não goste de chuchu-cenoura-batata!
Como você pode entender, não é substituindo por abobrinha-abóbora-cará que ele passará a aceitar melhor. Estas substituições só irão adiar a aceitação.
A insistência, ou seja, a exposição repetida pode contribuir para redução da neofobia característica do lactente aos 5-7 meses e do pré-escolar. O Hábito de ver um alimento sempre à mesa, fazendo parte da alimentação da família, é um fator que favorece a aceitação do mesmo.
Ansiedade e culpa
Muitas vezes há tensão para que o bebê aceite logo para que a mulher possa voltar ao trabalho ou que ele se acostume com a creche. O bebê sente o clima, sente-se inseguro, a ansiedade é “transmissível”. Procure entender a situação, controle-se, peça ajuda... Ás vezes, o pai ou uma avó, ou mesmo uma ajudante de casa, mais “isentos” emocionalmente logram mais sucesso.
Converse com o seu bebê, demonstre que você não está se recusando para ele, amamente-o, abrace-o... Ele sentirá que não vai perder você ou o peito e sim ganhar outras e novas saborosas experiências...
Dr. Marcus Renato de Carvalho
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