17.2.14

A criança que ninguém quer


A colunista Betty Monteiro explica que muitas crianças não têm consciência do que as incomodam e, por isso, acabam se tornando agressivas

Por Elizabeth Monteiro 


A maioria das crianças agitadas e agressivas não verbalizam o que está acontecendo. Não estão dispostas a conversar. Até porque, muitas vezes, não têm consciência do que as incomoda.

A melhor maneira de lidar com a agressividade excessiva é utilizar o bom senso e o diálogo. Mas pode-se usar de alguns facilitadores:

– A pessoa mais indicada para conversar com a criança é aquela com a qual ela tenha um bom vínculo afetivo. Qualquer pessoa que ela adore.

- Discutir as crises antes ou depois de seu aparecimento é sempre melhor do que durante o episódio em que a criança se encontra descontrolada. Em clima tenso não se conversa.

– Quando for conversar, esqueça os sermões. Procure ouvi-la e entendê-la.

– Você não é obrigada a concordar com os seus argumentos, mas não precisa criticá-la. Ensine à criança algumas maneiras de descarregar a sua raiva, como pular corda.

– Atividades esportivas, artísticas e lutas ajudam a direcionar a energia para um objetivo mais socialmente aceito. Deixe que a criança escolha uma dessas atividades.

– Na escola, é sempre bom colocá-la em grupos mais tranquilos e deixá-la conviver com crianças maiores e mais velhas.

– Brinque muito com a criança, propondo atividades corporais.

– Avalie a si própria e o ambiente em que a criança vive. O que pode causar tamanha agressividade?

Toda criança tende a ser um pouco agressiva quando começa a socializar-se. Essa atitude só se torna preocupante no momento em que fica destrutiva, hostil, perversa.

Famílias superprotetoras ou autoritárias estão sujeitas a criar filhos agressivos. A agressividade da criança costuma estar ligada à agressividade do adulto.

A questão não é reprimir essa agressividade. Isso não é bom. A criança precisa aprender a descarregar a sua, canalizar a raiva e expressá-la da forma mais adequada e menos prejudicial a ela e aos outros. Certa dose de agressão é importante na vida.

A agressividade que incomoda é aquela descontrolada, sem limites, sem propósitos aparentes. Em geral, a sua presença pode indicar sofrimento psicológico ou psicopatia. Essas crianças parecem carregar uma carga de ódio imensa dentro de si.

Elas agridem as outras, quebram os seus brinquedos, desrespeitam os adultos, provocam a todos, desafiam o mundo e demonstram franca hostilidade contra quem quer que seja, para a vergonha dos pais.

Portanto, é necessário estar atenta ao significado desses comportamentos e não procurar culpados. Procure soluções. Sem culpa! Talvez você precise da ajuda de um profissional especializado. Não se obrigue a resolver sozinha todos os problemas com a sua criança.

Elizabeth Monteiro é Pedagoga, Psicóloga e Escritora dos livros: Criando Filhos em Tempos Difíceis Criando Adolescentes em tempos Difíceis; A Culpa é da Mãe CRP 06/ 36.126-4

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