Para lidar com os medos infantis, é preciso oferecer segurança à criança e respeitar o temor que ela manifesta. Subestimar os medos é proibido, e desmoralizar a criança só piora.
É natural e esperado que as crianças sintam medo. Ele é um alerta de que algo ameaçador pode acontecer e evita que o ser humano corra riscos desnecessários. A ausência dele, em certas idades, é até preocupante: se uma criança não desenvolve o medo instintivo de altura, por exemplo, pode engatinhar até a beira da cama ou do sofá e cair.
A psicóloga Adela Stoppel de Gueller, coordenadora do setor de Clínica e Pesquisa do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientae, explica que entre os 3 e os 5 anos elas estão na fase natural dos temores. O medo de trovão, do escuro, de monstros ou de dormir sozinho são naturais e devem passar conforme a criança cresce e amadurece emocionalmente. Mas o papel dos pais é fundamental para facilitar este processo – ou para transformá-lo em um trauma difícil de superar.
Nem sempre é possível, ainda que com o apoio dos pais, tranquilizar uma criança que está sofrendo com temores excessivos. Nesse caso, é preciso procurar ajuda profissional. Quando o medo for intenso a ponto de gerar um sofrimento grande na criança, ou quando ela estiver perdendo contato social, escolar ou lúdico por causa dos medos, procure um terapeuta.
A linha que separa um medo natural de uma fobia permanente varia de criança para criança. O importante é observar mudanças bruscas de comportamento. Problemas físicos recorrentes, mudança de humor ou desinteresse por atividades que anteriormente eram exercidas com prazer podem indicar que o temor passou dos limites.
As fases da criança e os medos mais comuns
Os temores de cada criança variam e podem estar associados a experiências particulares. Uma criança que cai da bicicleta e é levada para o hospital pode desenvolver medo de hospital, de bicicletas ou até de um objeto menor associado ao trauma – jalecos ou estetoscópios, por exemplo. Mas existem alguns medos comuns a cada faixa etária. Conheça-os abaixo.
- 0 aos 6 meses
As reações de medo são relacionadas a ruídos fortes ou perda de segurança.
As reações de medo são relacionadas a ruídos fortes ou perda de segurança.
- 7 aos 12 meses
A criança pode começar a estranhar pessoas. Também surge o medo de altura.
A criança pode começar a estranhar pessoas. Também surge o medo de altura.
- 1 ano
Aparece o medo da separação, manifestado quando ela se distancia dos pais. Também pode aparecer o medo de se machucar.
Aparece o medo da separação, manifestado quando ela se distancia dos pais. Também pode aparecer o medo de se machucar.
- 2 anos
A criança teme ruídos fortes, como o de aspirador de pó, ambulância, trovão; continua o medo da separação dos pais; ela estranha crianças e situações desconhecidas, como ter de entrar numa sala escura (como um cinema ou teatro).
A criança teme ruídos fortes, como o de aspirador de pó, ambulância, trovão; continua o medo da separação dos pais; ela estranha crianças e situações desconhecidas, como ter de entrar numa sala escura (como um cinema ou teatro).
- 3 anos
Surge o medo do escuro; continua o medo separação dos pais; ela se assusta com máscaras ou rostos cobertos (palhaço, pessoas fantasiadas).
Surge o medo do escuro; continua o medo separação dos pais; ela se assusta com máscaras ou rostos cobertos (palhaço, pessoas fantasiadas).
- 4 anos
A criança pode desenvolver medo de animais e de ruídos noturnos.
A criança pode desenvolver medo de animais e de ruídos noturnos.
- 5 anos
Surgem os medos de “pessoas más” (ladrão, “Homem do Saco”).
Surgem os medos de “pessoas más” (ladrão, “Homem do Saco”).
- 6 anos
A fase é dos medos fantásticos: fantasma, bruxa, Bicho Papão. Também costumam aparecer o medo de dormir sozinho e da morte.
A fase é dos medos fantásticos: fantasma, bruxa, Bicho Papão. Também costumam aparecer o medo de dormir sozinho e da morte.
Deborah Ramos | Psicopedagoga e Psicanalista Infantil
www.deborahramos.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário