ito em mil crianças terão problemas auditivos; veja as orientações.
Esse problema compromete o desenvolvimento dessa criança. Por isso, os pais têm que estar atentos se a criança reage a algum barulho.
A pequena Sara, de 11 meses, vive no silêncio. “Ela tem uma perda auditiva severa e profunda”, informa Santelma, a mãe de Sara. A menina estava com quase três meses, quando os pais perceberam que ela não ouvia. “Foi na virada do ano, porque tinha muita gente na rua e a gente estava com ela no portão, e ela não estava nem aí”, lembra a mãe. Ela contou que na maternidade, onde a filha nasceu, não foi feito o teste da orelhinha. O exame só foi realizado quando eles procuraram ajuda médica, e veio o diagnóstico.
“A gente fica até emocionado de falar, porque é o primeiro filho. E isso é arrasador”, comenta o pai. “Eu não esperava por isso, ela nascer com este problema”, diz a mãe.
A menina corre, brinca como toda criança, mas a mãe, que já tem dois irmãos com problemas de audição, tem medo do que a filha vai enfrentar pela frente. “O que nos preocupa é o preconceito, porque todo mundo tem preconceito com esse tipo de coisa, porque ela não escuta”, revela Santelma.
O pai de Sara, Francisco, é carpinteiro. A mãe, dona de casa. Eles disseram que a menina precisa usar um aparelho auditivo e fazer sessões com uma fonoaudióloga. Procuraram atendimento no Hospital do Fundão e aguardam na fila. Eles não têm como pagar pelo tratamento.
“O preço é inadequado para a gente. Não temos nem condições da gente parar para pensar. Custa cerca de R$ 5 mil os dois. Não dá nem para parar e pensar, porque, se desse, a gente reagia”, critica o pai da menina.
Enquanto aguardam para que Sara seja chamada, Francisco e Santelma sonham como todo pai e mãe. “O meu sonho é ouvir ela dizer ‘mamãe’”, conta a mãe da menina. “Quero chegar em casa e ouvir: ‘pai’, é uma palavra doce para a gente”, confessa o pai.
Yuri está se tratando e a mãe já sente a diferença. “Ele faz terapia duas vezes por semana, onde está desenvolvendo bastante a fala dele. Eu não sou só fonoaudióloga, mas sou a mãe dele. E em casa, estou sempre sentada brincando com ele, coloco bastante música para ele ouvir e perceber a diferença dos sons. Se colocar a música, ele dança e, se pedir para cantar, ele canta, mas da forma dele”, conta a fonoaudióloga Vanessa Guimarães, a mãe do menino.
No caso de Yuri, ele perdeu parte da audição por conta de infecções no ouvido que iam e voltavam. O problema começou quando ele tinha quatro meses. E foi observando o filho que Vanessa percebeu que alguma coisa não ia bem.
“A gente botava aqueles bichinhos do berço que rodam e tocam musiquinha para ele e nada. Ele só mordia o chocalho, não tinha estímulo auditivo”, diz a mãe do menino.
Mas mesmo com acompanhamento as primeiras palavras do menino só vieram aos dois anos e com dificuldade. “Fábio é o tio dele. Ele fala tio "Babo". Ele não consegue produzir muitos nomes. Ele não consegue perceber o que ele ouve”, conta Vanessa.
Na escola, também não é fácil para o pequeno Yuri. “Às vezes, ele tenta falar com as outras crianças, conversar, porque as outras crianças já falam muito nitidamente, e ele não. E as crianças não entendem o que ele está falando”, afirma a mãe.
Vanessa sabe que as conquistas na fala do filho virão devagar e ela vai investir. Quer simplesmente que Yuri seja tratado como qualquer menino de dois anos de idade. “Eu vejo as pessoas tratando com uma certa diferença, como o bebezão da família. E ele não é um bebezão, é uma criança normal como qualquer outra, ele só teve uma privação que está sendo resolvida”,declara a mãe do menino.
A fonoaudióloga Deolinda Melo atende vários casos de crianças com problemas auditivos e destaca uma diferença crucial: “o primeiro conceito importante é que surdo não é mudo. As pessoas falam surdo-mudo, mas não é verdade”.
“Todo surdo, em qualquer grau, tem capacidade de falar. A diferença é que, quando você encontra isso cedo, até os seis meses de idade, a criança tem uma plasticidade cerebral que ajuda muito. Se você perde esse prazo, você está atrasando muito essa criança. E uma vez atrasada, sempre atrasada. Ela vai sempre caminhar com atraso”, explica a fonoaudióloga.
Deolinda Melo dá também orientações para os pais perceberem se seu filho tem problema de audição. “A Sara nasceu com uma deficiência auditiva. Então, ela deveria ter sido triada com a triagem auditiva que hoje a gente chama de teste da orelhinha na maternidade”, aponta a especialista. “Esse é o primeiro passo para todo pai e toda mãe: fazer o teste da orelhinha”.
Em casa, já é mais difícil de identificar. “A criança tem etapas de desenvolvimento. Aos seis meses, se você chama a criança, ela vira para o som”, ressalta a fonoaudióloga.
Ela ainda aponta que os pais podem estimular a criança conversando com ela, falando olhando para ela. “Você deve dar a ela o modelo da fala, porque a perda parcial seria nas duas orelhas ou em uma orelha só. A criança com perda em uma orelha só precisa dessa interação, e a criança com perda nos dois lados também precisa de uma interação”, declara.
“A voz da mãe é uma voz que eles reconhecem. Então, quando a mãe fala com eles na hora da amamentação, eles têm o que nós chamamos de parada de atividade de escuta, eles param, olham e mostram para nós nitidamente que estão reagindo auditivamente”, destaca a especialista.
O teste da orelhinha deve ser feito nos primeiros três meses de vida. Ele testa o nível de audição. No município do Rio, ele é obrigatório por lei. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, todas as maternidades da rede fazem.
Já os casos de problemas de audição com crianças maiores, ou adultos, qualquer pessoa pode procurar o posto de saúde e o médico vai encaminhar para um dos centros que atenda ocaso com maior complexidade.
Fonte: http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL1399928-9101,00-OITO+EM+MIL+CRIANCAS+TERAO+PROBLEMAS+AUDITIVOS+VEJA+AS+ORIENTACOES.html
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