26.1.10

Atividade física, Alimentação e sexualidade


A gravidez é um momento único na vida da mulher. Mas, logo após receber a notícia de que está gerando uma criança, surgem algumas dúvidas sobre a rotina e os hábitos que podem ser mantidos ou devem ser alterados. “Há risco de abortar se continuar a fazer exercícios físicos?”, “será que estou me alimentando corretamente?” ou “posso continuar a ter uma vida sexual ativa?”, dentre várias outras questões.

“É comum a mulher ficar confusa como relação ao ritmo de vida nessa época. Afinal, ela deseja fazer o melhor para que ela e o bebê tenham qualidade de vida durante a gravidez”, explica a ginecologista, Rosa Maria Neme, graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com residência médica e doutorado em Medicina na área de Ginecologia pela Universidade de São Paulo e Diretora do Centro de Endometriose São Paulo, primeira clínica de São Paulo especializada no tratamento da doença.

Dra. Rosa Neme esclarece dúvidas para uma gravidez tranquila, sem ter de abrir mão de seus hábitos e rotina.


1- A mulher que tem um ritmo intenso nas atividades físicas precisa dar uma pausa nos três primeiros meses ou pode dar continuidade com exercícios leves?

A mulher grávida pode e deve manter os exercícios, porém com intensidade menor no início da gravidez, a não ser que tenha alguma contra-indicação, como sangramentos, dores importantes. Por isso, deve seguir as orientações do médico que acompanha o pré-natal.


2- É importante a gestante ter uma atividade física? Qual a mais indicada?

É muito importante. A atividade física mantém o condicionamento físico da gestante, ajuda no controle de peso e diminui a chance de desenvolvimento de doenças na gestação, como o diabetes gestacional. Indica-se sempre exercícios orientados por um profissional, sempre com uso de frequencímetro. Os mais indicados são a hidroginástica, yoga, pilates, exercícios aeróbicos leves e musculação com pequenas cargas.


3- Antes de engravidar, a mulher tem um corpo torneado e deseja mantê-lo durante a gravidez. Ela pode malhar até que fase?

Ela poderá malhar durante toda a gestação, mas os exercícios devem ser acompanhados por um profissional. Na musculação, devem ser diminuídos os pesos e restringidos alguns exercícios. Na parte aeróbica, deve-se ter um controle bastante rigoroso da frequência cardíaca.


4- No último trimestre, as pernas costumam ficar mais inchadas e pesadas. Por conta disso, há algum tipo de atividade física mais indicada para este período?


Idealmente nessa fase, recomenda-se exercícios aeróbicos leves e principalmente diminuição da quantidade de sal ingerido na dieta e realização de drenagem linfática pelo menos 2 a 3 vezes por semana.


5- Que tipo de alimentação a gestante deve manter para evitar o ganho excessivo de peso, inchar ou provocar algum distúrbio no bebê?

A gestante deve buscar de preferência sempre o auxílio de uma nutricionista, que indicará alimentos saudáveis, com pouca quantidade de sal e hipocalóricos.


6- Existe alguma dieta que ajuda a evitar o aparecimento de estrias?

Dieta, não. Idealmente a gestante deve procurar engordar no máximo 10 quilos durante a gravidez, o que já ajuda a evitar o aparecimento das estrias. Outro fator que pode ajudar é manter a hidratação pelo menos 2 vezes ao dia de áreas mais frequentes de aparecimento, como mamas, barriga e bumbum. Fora isso, resta o fator genético, aonde algumas gestantes têm mais predisposição que outras.


7- Qual o principal mito em relação ao sexo durante a gravidez?

O principal mito é que a relação sexual é proibida na gestação, porque pode interferir na evolução do bebê, causar parto prematuro ou machucar o bebê.


8- Como fica o apetite sexual da mulher durante a gravidez?

O desejo sexual muda muito nas diferentes fases da gravidez. No primeiro e terceiro trimestres, há uma diminuição do desejo e atividade sexual. No segundo trimestre, nota-se um aumento do apetite sexual nas grávidas.


9- É mais comum mesmo elas verem o desejo sexual diminuir? Por que isso acontece?

No primeiro, esta diminuição está relacionada com sintomas desagradáveis, como o medo de abortamento, medo de machucar o bebê e as mudanças físicas e psíquicas às quais o casal deve se adaptar.

No segundo trimestre, há um aumento do desejo sexual, às vezes sendo até maior que o desejo e resposta sexual da vida sexual anterior à gravidez.

Já no terceiro trimestre, a diminuição do desejo acontece pelo mal-estar físico, cansaço, o estresse, ansiedade, o incômodo no momento do coito e as mudanças no corpo que podem prejudicar o desejo sexual, já que a mulher pode se sentir menos desejada, por causa do medo de ser rejeitada.


10- Existem restrições para a atividade sexual no período de gestação?

Não. Inclusive, isto proporciona uma maior interação entre o casal durante esta fase.


11- Há algum tipo de influência para o feto quando o casal faz sexo durante a gravidez? Existe algum período em que o sexo seja contra-indicado?

Não. Há situações que ele é proscrito para estas mulheres, mas somente em situações que coloquem em risco o bem estar da gestação, como por exemplo, nas ameaças de abortamento ou de trabalho de parto prematuro.


12- E o sexo após a gravidez? É preciso um período de abstinência? Como retomar a vida sexual?

Em geral, solicitamos uma restrição de 40 dias para retorno às atividades sexuais, já que o útero está voltando a seu tamanho normal e o tecido de dentro do útero está cicatrizando.


13- Após o nascimento do bebê, muitas mulheres notam uma redução do desejo sexual. É normal? O que deve ser feito para melhorar?

Isto é normal acontecer, principalmente nas mulheres que amamentam. O hormônio que estimula a formação e ejeção do leite da mama diminui a produção de testosterona no corpo da mulher, diminuindo, consequentemente, a libido. Além disso, a mulher após o nascimento do bebê tende a ficar mais cansada pelo ritmo de vida diferente nesta fase.


14- Qual é a melhor maneira de conversar com o parceiro sobre esse assunto?

Idealmente isto deve ser abordado pelo médico obstetra na frente do marido, mostrando que não se trata apenas de uma “má vontade” da mulher em ter relações e que o problema é realmente fisiológico (por alteração do hormônio). Além disso, a mulher deve conversar com o parceiro sobre isto.


15- Durante quanto tempo essa situação tende a continuar (a falta de libido) e como melhorar essa situação?

A falta de libido pode persistir até a parada da amamentação. Eventualmente podem ser prescritos medicamentos naturais que aumentam um pouco a libido, permitindo que o casal tenha uma vida sexual relativamente frequente. Praticar exercícios físicos que diminuem a sensação de cansaço e aumentam um pouco a produção da testosterona também é indicado.
 
 
 
Fonte: http://semprematerna.uol.com.br/gravidez/atividade-fisica-alimentacao-sexualidade?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário