Por Silvana Freygang
É cada vez mais frequente ver-se mães que apresentam uma conduta muito agressiva com seus filhos. Verdadeiros “shows” de descompasso emocional regados por doses cavalares de gritaria e violência física a qualquer hora e em qualquer lugar.
Quando uma mulher se torna mãe ninguém entrega a ela um manual pronto de como desempenhar este papel. Ao longo da gestação é natural surgir uma gama de sensações, mas, muitas vezes dependendo do indivíduo, não são tão prazerosas assim.
É uma fase onde a vulnerabilidade emocional coloca a mulher diante de emoções que talvez ela tenha feito um grande esforço para esconder de si mesma. Sendo assim, o pós-gestação será o momento de se deparar com o choque entre os seus ‘fantasmas’ internos e a realidade.
Não existe uma única razão para se justificar uma mãe com comportamento agressivo e violento com seus filhos, e sim, um conjunto de fatores.
Basicamente, trata-se de alguém que traz consigo uma coleção de frustrações da sua infância, somados com a falta de autocontrole e equilíbrio emocional, alta carga de ansiedade, medos, impaciência, referências do ambiente onde foi criada, insatisfação com sua vida conjugal e profissional, falta de administração dos seus conflitos internos, entre outros.
A criança pode ter inúmeras representações inconscientes no emocional do sujeito. Fácil e rapidamente somos capazes de confundir os papéis.
A propósito, foi uma gravidez realmente desejada?
Havia o real sentimento de amor?
E o que se entende por amor materno?
Outras questões que também se deve levar em consideração são: muitas mulheres acreditam que um filho servirá como uma espécie de ‘tapa-buraco’ da sua carência afetiva e/ou de um relacionamento amoroso fadado ao fracasso, e como isto não se resolve, ou seja, o ‘buraco’ continua destapado, o filho passar a ser um mais um fardo e frustração a se carregar; existem mulheres de perfil muito controlador onde tudo tem que ser exatamente como e na hora que elas querem e como um filho não é uma boneca e muito menos um robô, diante do fracasso da falta de controle, descarregam toda a sua raiva em atos impulsivos.
#Ficadica: excesso de controle do mundo exterior (pessoas, situações), falta de controle do mundo interior (feridas emocionais, traumas, complexos).
Bem, uma coisa é certa: você, mãe agressiva e violenta, influencia diretamente na personalidade e vida do seu filho.
Negativamente.
A criança de hoje que vive sob estas condições será o adulto altamente problemático de amanhã repleto de traumas, complexos, ódio e raiva internalizados, timidez ou extroversão excessivas, sem referência alguma de amor e com grande dificuldade de se relacionar e socializar, altamente impulsivo ou apático, amargo, infeliz e por aí vai. O estrago, na verdade, é incomensurável.
Não tenha vergonha e deixe o orgulho de lado, busque ajuda profissional.
Não existe um modelo ideal de mãe, no entanto, hoje em dia, mais do nunca, existem recursos e profissionais diversos que colaboram para se construir o verdadeiro laço mãe e filho bem como o processo de educação.
Antes que o seu filho, um dia, ou tente literalmente te matar, ou entre em uma escola atirando em todo mundo e depois dê um tiro na própria cabeça. Acredite, no fundo você saberá que teve grande participação neste processo, e talvez não seja capaz de suportar a dor da culpa.
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