28.6.14

Relação pais e filhos: um vínculo moldado por expectativas e ideais

Todos nós – alguns mais, outros menos – sempre estamos em busca de nossos ideais. Desde pequenos sonhamos, criamos expectativas e construímos planos. Alguns são reavaliados; outros podem se perder ao longo do tempo.  Sempre que um sonho é alcançado, já estamos na espera daquele que ainda não foi realizado. Não sonhar, projetar um futuro, pode ser sinal de que a vida psíquica não vai muito bem.
Porém, ao longo de nossa trajetória, o que é esperado muitas vezes não se concretiza. Entre ideal e real podem surgir frustrações, decepções, imprevistos e até situações indesejáveis que precisamos, aos poucos, aceitar e aprender a lidar.
Assim é com a maternidade e a paternidade. Independente de como ela aconteça, vamos desde muito cedo construindo a ideia e um modelo  do que é ser pai e ser mãe a partir de nossas próprias experiências com o que tivemos e não tivemos enquanto filhos. Quem nunca se imaginou como pai e mãe ou sonhou (mesmo acordado) com a imagem de seus filhos? Desde os traços físicos até a personalidade, os projetamos conforme nossos sonhos e expectativas.
Mais perto ou mais distante destes anseios, aquilo que almejamos pode ser tornar, em alguns casos, irreal e desleal.  Quantos pais se sentem frustrados ou até mesmo impotentes diante de comportamentos não esperados por parte de seus filhos – mentirasbirrasagressões, envolvimento com pessoas ou situações que julgam “erradas”, etc.  Quando se cria os ideais, não se mensura ou cogita aquilo que não cabe dentro de nosso desejo. Eis a questão.
Muitos pais podem apresentar dificuldade em enxergar seus filhos como realmente são, criando uma imagem de perfeição colada apenas em seus desejos, desconectados de uma realidade e de uma identidade que se forma. Pais que gostariam que seus filhos tocassem algum instrumento musical ou jogassem futebol como craques e se deparam com filhos “pernas de pau” e sem interesse musical.  Mas, filhos também têm ideais e, muitas vezes,  esperam dos pais algo que estes não podem lhe dar. Filhos que desejam que seus pais fossem mais companheiros, participativos e que os ouvissem mais.
Este conflito entre realidade e desejo pode levar a alguns desencontros e desgastes que interferem no relacionamento entre pais e filhos.  Os projetos ansiosamente esperados podem se tornar pesados para os pais (ou apenas um deles) que fazem de tudo para que o filho cumpra com o que desejam e, por outro lado, para os filhos que deixam de ser e fazer o que precisam ou querem para realizar o sonho dos pais, abrindo, em algumas situações, mão de seus próprios sonhos e até mesmo de sua identidade. Um risco para sua saúde psíquica, uma vez que seus projetos de vida não foram traçados por si próprios.
Quando pais almejam e projetam a maternidade e a paternidade, seus sonhos os movem a realizar aquilo que acreditam que é ser pai e ser mãe (além do conceito do que é uma família e os valores que a envolve). Ao mesmo tempo, quando nascem os filhos, estes  vão construindo seus sonhos conforme suas motivações individuais, podendo ou não refletir a expectativa dos pais. Nessa dança, é importante que haja respeito mútuo às singularidades sem perder o espaço e os sonhos  em comum que unem pais e filhos.
Fonte: http://ninguemcrescesozinho.com/2013/11/18/relacao-pais-e-filhos-um-vinculo-moldado-por-expectativas-e-ideais/

24.6.14

Não deixe um bebê chorar

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De todas as teorias do universo materno, as que me assustam são: não dar colo para o bebê, regular a amamentação em horários cronológicos e deixar o bebê chorando. Elas me pegam na alma.
Bebes não sabem falar, nasceram em um ambiente aquático, escuro, cheio de movimento e calor e estão do lado de fora.
Precisam ser alimentados, estranham. Descobrem no peito uma maneira de ter o aconchego pleno.
Basta ver uma cadela: quando o filhote chora a mãe corre e aconchega. Bebês não choram a toa e se choram estão pedindo:
- Por favor me ajude
Ajude a dormir, a enfrentar a solidão, a lidar com a temperatura que oscila.
Quando um bebê pede colo ele está reconhecendo que você é uma segurança.
Quando você nega esse colo ele pode se acostumar com a negligência e resignar-se. Mas ele não está feliz.
Eu adoro o conceito: permita que as crianças sejam dependentes no momento em que podem ser, para que sejam independentes para toda a vida.
O que mais vejo neste mundo são pessoas dependentes e resignadas.
Dependentes de comida, de medicamentos, de sexo, de necessidade de aceitação.
São, algumas vezes, sobreviventes de pequenos ou grandes abandonos.
Algumas vezes vendo esses programas que difundem a idéia da Torturadora de bebês eu sinto algo inexplicável: eu choro com a mãe que chora, com o filho que dorme soluçando.
Não há nada mais fácil e prazeroso para mãe e bebê do que deitar junto com o bebe e dormir agarradinho.
É tão rápido que eles crescem. O que são 3 anos diante de uma vida toda?
Queremos tanto a independência precoce, exaltamos isso como troféu e depois questionamos onde se perdeu esse fio.
Eu vejo idosos abandonados com cuidadores ou em asilos e vejo ali o reflexo de uma sociedade que fecha os olhos para os dependentes trocando o amor por tecnologia, chupeta, mamadeira, berço que balança e no fim, uma cama fria e olhos de uma profissional contratada.
Assim começa a vida, assim ela termina. No meio um grande vazio que tentamos preencher. Um vazio cultivado em nome dessa ilusória independência precoce.
Kalu Brum - Jornalista, Doula, Fotógrafa, Professora de Yoga e Mestra de Reiki
Fonte: http://vilamamifera.com/cafemae/nao-deixe-um-bebe-chorar/

19.6.14

9 consequências que “terceirizar os filhos” pode causar


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 1) Quebra de vínculos
Por mais que a mãe precise trabalhar, é muito importante que ela se planeje e que consiga ficar o maior tempo possível com seu filho. Substituir os cuidados da criança com algum outro adulto (babá, avó, avô etc.) não é a mesma coisa. O vínculo, principalmente no primeiro ano de vida do bebê, é fundamental e é maior com a pessoa que cuida, que fica junto. Portanto, se o bebê passa 90% do tempo com algum outro cuidador, o vínculo será maior com ele. Martins não critica as mães que precisam realmente trabalhar e ajudar a família, mas pede que priorizem os filhos. “Trabalhem, mas não esqueçam as crianças. Sempre que possível, fiquem com elas. Deem atenção e mostrem carinho”.

2) Educação que os pais não aprovam
Muitos pais exigem que as escolas eduquem seus filhos. Porém, o papel da escola é alfabetizar, ensinar conhecimentos gerais, dentre outras coisas. Mas a educação vem de casa. Quem deve ensinar a andar, tirar a fralda, chupeta, falar “obrigado”, “por favor”, portar-se à mesa, ter afeto, modo de conversar etc., é a família! Portanto, não exija uma educação exemplar se você não tem paciência para mostrar ao seu filho o que é certo.
3) Falta de limites
Assim como na educação, os pais é que devem saber impor limites às crianças. As crianças terceirizadas, na grande maioria das vezes, não têm limites. Isso porque os pais chegam em casa tarde da noite e não querem brigar com os filhos, não querem que as crianças chorem ou gritem por algum motivo, então eles acabam cedendo a tudo o que os filhos exigem. E esse tipo de atitude é crucial na educação.
4) Prioridade invertida
O que acontece atualmente é que os pais têm grande limitação em abrir mão do conforto da vida que tinham antes dos filhos. Ou seja, querem o prazer de ter filhos, mas ignoram o desprazer, como se o ônus e o bônus não fizessem parte do mesmo pacote. O que é realmente prioridade na vida dos pais? A presença do pai ou da mãe é fundamental nos momentos de troca de fralda, quando a criança está adoecida, quando está num momento de birra… Não apenas quando está sorrindo e brincando.
5) A não valorização do outro
Diversos casos de delinquência juvenil, quando observados de perto, mostram crianças que foram totalmente solitárias, criadas sem vínculos razoáveis e, por viverem sob um abandono dilacerante, não aprenderam a valorizar “o outro” e não pensam que as pessoas devam ser respeitadas.
6) Problemas com figuras de autoridade
As crianças verdadeiramente terceirizadas, ou seja, as que possuem vínculos enfraquecidos com seus pais, provavelmente terão uma relação complicada com figuras de autoridade, pois, ao longo de suas vidas, exerceram autoridade sobre ela, pessoas com quem ela não possuía vínculos afetivos suficientes.
 7) Baixa autoestima
A forte ausência dos pais pode também causar baixa autoestima nas crianças. É muito importante que os pais estejam presentes nos eventos escolares, nas entrevistas com os professores, nos jogos de futebol do colégio e qualquer outro compromisso em que elas solicitem sua presença. A “falta” dos pais nessas ocasiões, mexe muito mais com os filhos do que você imagina. Principalmente, no momento de ir aos consultórios médicos (hoje em dia muitos pais delegam essa “função” para as babás). As crianças já se sentem acuadas nesses ambientes, e a presença de um dos pais é fundamental para transmitir confiança, segurança e conforto.
 8) Problemas comportamentais
Estes problemas são muitas vezes um escudo que as crianças usam para proteger suas questões profundas de abandono e medo. Por exemplo, uma criança que vive em um lar com pais totalmente ausentes, tem mais chances de desenvolver uma atitude negligente com um ar de superioridade arrogante para esconder o fato de que ela realmente os quer em sua vida.
9) Sensação de falta de afeto
Muitos pais podem estar fisicamente próximos de seus filhos durante a maior parte do dia, mas podem não estar afetivamente disponíveis a eles. Não conversam intimamente, não brincam, brigam e gritam a maior parte das vezes que se dirigem à criança. Crianças precisam se sentir amadas, precisam saber que são prioridade! Não consigo imaginar meus filhos sentindo falta de afeto, isso aperta meu coração. Tudo o que mais queremos na vida é que nossos filhos saibam que são as pessoas mais importantes das nossas vidas e que são MUITO amados! Isso faz toda diferença no desenvolvimento deles.
Fonte: http://www.justrealmoms.com.br/9-consequencias-que-terceirizar-os-filhos-pode-causar1/

13.6.14

A importância da rede de apoio à maternidade, à paternidade e à família


Durante a gestação cada mulher desenvolve de maneira genuína, um processo de construção da maternidade, e do novo papel que estreará, mesmo que ela já seja mãe, pois há outra “carta inaugural” a ela destinada.
Tanto física quanto emocionalmente, a presença do filho vai se constituindo em um processo único e singular a cada nova gestação.
Mudanças físicas, emocionais e sociais batem à porta da família, e em especial da mulher, trazendo questionamentos e reflexões legítimas, nunca pensadas ou percebidas como importantes.
Diante dessas demandas, tem sido cada vez mais comum a busca por uma preparação para a maternidade, paternidade e para o parto. São propostas distintas, mas complementares, na medida em que seus objetivos visam oferecer um espaço de informação, troca e partilha acerca das vivências trazidas pela maternidade, desde a gestação, passando pelo parto e culminado no pós-parto.
O pós-parto é o momento em que a mulher e a família se deparam com a realidade que materializa o bebê e a experiência da maternidade e da paternidade reais, podendo trazer à tona aspectos com os quais, tanto a mãe quanto o pai, não puderam prever ou imaginar.
O bebê real, a família real e a mãe e o pai reais podem ser muito diferentes da idealização construída durante a gestação. Há um bebê que chora, uma mãe que está em processo de fusão emocional com este bebê, um pai que está buscando o seu lugar nesta nova configuração familiar e, às vezes, há outros filhos que estão digerindo a presença de um novo membro na família.
Conceitos e ideais não se confirmam diante das vivências trazidas pela real maternidade. Medos, angústias e dúvidas fazem parte da rotina materna, especialmente no pós-parto. Mesmo a mãe que tenha planejado a gravidez e esteja feliz com a maternidade, pode sentir tristeza e até uma vontade, ainda que eventual, de reaver a vida anterior ao nascimento do filho.
Essa também é a verdadeira, e legítima, parte que a maternidade real coloca na vida de mulheres, homens e famílias. Há uma parte que pode ser bela e realizadora, e há outra parte sombria e angustiante.
Novas dinâmicas nos relacionamentos, novas demandas físicas e emocionais da mulher-mãe, a experiência de ter um bebê em desenvolvimento intenso, além de várias outras adaptações postas pelas vivências do pós-parto, são desafiadoras e precisam de continência e orientação.
As mulheres da atualidade vivenciam a maternidade de maneira solitária e muitas vezes, isolada. No momento em que mais precisam de apoio, elas sentem-se sozinhas e abandonadas em suas avassaladoras experiências.
Há uma condição, característica do pós-parto, que é a fusão emocional mãe-bebê que, ao mesmo tempo evidencia novas demandas, também oferece as possibilidades desta mãe sentir seu bebê, e suas necessidades, tanto físicas quanto afetivas, e atendê-las.
Neste estado fusional, tanto mãe como bebê, compartilham do mesmo campo emocional, onde as emoções de um pertencem ao outro. Esta fusão coloca a mãe em uma experiência emocional diferenciada, sensível e muitas vezes angustiante.
A rede de apoio à maternidade, e à paternidade, é de fundamental importância nesta fase. Poder contar com uma rede protetiva, que possa promover a consciência necessária, o acolhimento e a informação, são de um valor ímpar!
Muitos podem fazer parte desta rede de apoio, tanto familiares, com ênfase especial ao pai/companheiro, como amigas, vizinhas e profissionais que compõem a assistência materno-infantil, para que a díade mãe-bebê seja apoiada neste momento delicado e complexo.
Uma amiga que leve um alimento, uma vizinha que ajude com a casa, um companheiro que possa compreender que a mulher-mãe está menos disponível neste momento, uma mãe que possa estar empaticamente vinculada à filha que acabou de parir, estas ações e posturas são favorecedoras de uma boa maternagem!
Também é muito importante que a mãe busque sair da sua possível solidão, e procure estar com outras mães, procure ajuda profissional e a sua rede de apoio.
Uma rede de apoio que auxilie a maternidade e a paternidade pode se revelar como promotora de saúde física e emocional na vida da nova família que acabou de nascer!

Rosângele Monteiro
Psicóloga Perinatal
Terapeuta Sistêmica Familiar Integrativa
Artigo publicado para edição 16 ano VIII do Guia Bebê
Sob o título: "Como funciona a rede de apoio à maternidade
Junho/2014
Fonte: www.rosangeleprado.blogspot.com.br

5.6.14

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC )no Pós-Parto

O TOC Pós-Parto é a mais incompreendida e mal-diagnosticada das doenças perinatais. Sintomas de TOC incluem pensamentos repetidos e indesejados (obsessões) que geram ansiedade, bem como comportamentos ritualísticos que tentam afastar esses pensamentos (compulsões). Por exemplo, uma mãe pode repetidamente se preocupar com germes e esterilizar as mamadeiras de seu bebê inúmeras vezes.
Se esses pensamentos e comportamentos forem angustiantes demais para a mulher, e interferirem com sua habilidade de cuidar de si mesma e de seu bebê, podem representar perigo à saúde. Por exemplo, uma mãe se preocupar tanto com o seu bebê durante a noite que acaba não dormindo, ou verificar o assento da criança no carro tantas vezes antes de dirigir que não sai de casa, são casos em que o comportamento cruza a linha da patologia
Um novo estudo da Universidade Northwestern, dirigido por Dana Gossett, mostra que cerca de 11% das mães experimentam sintomas temporários de transtorno obsessivo compulsivo (TOC) durante alguns meses após o parto. Segundo os pesquisadores, estresse é um fator desencadeador de TOC conhecido, por isso é possível que o estresse da gravidez e de ter que cuidar de um bebê possa predispor as mulheres à condição. Os níveis hormonais antes e após a gravidez e as mudanças no cérebro após o parto também podem contribuir para os sintomas. Os investigadores descobriram que 11% das mulheres entre as duas e as seis semanas depois do parto experimentam significativos sintomas obsessivo-compulsivos, em comparação com 2 a 3% da população em geral.
O TOC pós-parto é temporário e tratável com ajuda profissional. Se você acha que pode estar sofrendo desta doença, saiba que você não é culpada. Busque um psicólogo para te auxiliar.
Fonte: http://maternidadenodiva.com/toc-pos-parto/