31.5.15

A importância do toque para o desenvolvimento do bebê

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Maylu Souza
Enfermeira Especialista em Obstetrícia e em Saúde Pública
Psicanalista em Formação
Graduanda em Psicologia.
A pele é o maior órgão do corpo e é extremamente importante para a sobrevivência do ser humano, possui funções de proteção dos órgãos e tecidos, regulação de temperatura, reserva de nutrientes e possui terminações nervosas sensitivas. É um órgão sensorial, constituindo o sentido do tato que possui fundamental importância no desenvolvimento infantil.
Dentro do útero o bebê era tocado o tempo todo, estava protegido dentro da bolsa, com líquido amniótico ao seu redor, ele não sentia frio ou calor, não sentia impactos bruscos, era embalado pela movimentação de sua mãe e se sentia seguro assim. Ao nascer a criança se sente exposta e insegura frente aos diversos estímulos excessivos: barulho, luminosidade, e temperatura. Ao embalar, acalentar e massagear o bebê ele se sente seguro novamente como se sentia no ambiente intrauterino. O contato físico ajuda o bebê a superar a sensação de medo e de isolamento, proporcionando segurança psicológica, confiança, aconchego e bem estar. O contato com a pele ajuda no desenvolvimento da percepção corporal e tranqüilidade.
Nos bebês, a pele possui ainda mais uma função essencial ao seu desenvolvimento, permitindo a criança conhecer e perceber o mundo através da experiência táctil. O toque físico além de agradável é necessário para o bem estar físico e emocional, é também carinho, é ato de ternura, é um alimento vital ao bebê. A criança que não é cuidada corporalmente terá graves prejuízos e pode ate não sobreviver, pois a falta de afeto atrapalha o crescimento infantil, e o cortisol (substância produzida em situações de estresse) causa a morte de neurônios, resultando na limitação da capacidade intelectual.
É importante ressaltar que qualquer criança pode e deve ser massageada: Bebês biológicos ou bebês que foram adotados, bebês amamentados ou não, bebês prematuros em especial devem ser massageados e acalentados, tanto que muitos hospitais utilizam do método mãe canguru, em que as mães ficam pele a pele com os pequenos internados visto que o toque é essencial para contribuir no desenvolvimento adequado. No caso de crianças desnutridas o toque é fundamental além do tratamento nutricional já que muitas vezes a desnutrição é também de afeto e carinho.
Os benefícios de se tocar e massagear o bebê são diversos: Fortalece vínculo entre o bebê e sua mãe (e também com o pai), alivia as cólicas, proporciona relaxamento e tonifica os músculos, ajuda a regular o sono, melhora a digestão, a circulação e o sistema imune (aumentando a resistência a doenças), aumenta a percepção do bebê, favorece a autoimagem corporal, auxilia nos desenvolvimentos neurológico, cognitivo e motor e também proporciona benefícios nutricionais através do banho de peso. Nas crianças maiores, o toque e a massagem diminuem a agressividade.
Existem duas massagens aplicadas em bebês para promover o vínculo e o relaxamento: O Toque Borboleta que foi desenvolvido por Eva Reich, uma pediatra e psicanalista. Essa massagem ajuda no desenvolvimento dos recém-nascidos, e antes dela já existia, na Índia, uma técnica milenar passada de mãe para filha, que o médico obstetra Frederic Leboyer trouxe para o ocidente e nomeou de Shantala. Com ou sem a utilização de uma massagem técnica o mais importante é que os pais toquem, embalem e acolham seus bebês.
Muitos pais acreditam que pegar muito o bebê ou deixá-lo muito no colo pode "viciar" a criança, tornando-a dependente, manhosa ou mimada, mas os estudos recentes sobre criação com apego mostram justamente o contrário: O contato físico e a segurança que os pais proporcionam aos seus filhos os tornarão crianças mais seguras e mais capazes de estabelecer relações maduras quando se tornarem adultas.
Finalizo com esta citação, confirmando o quanto o toque é importante para o desenvolvimento saudável do bebê:

"Ser carregadas, embaladas, acariciadas, tocadas, massageadas, cada uma dessas coisas é alimento para as crianças pequenas. Tão indispensáveis, se não mais, que vitaminas, sais minerais e proteínas. Quando são privadas de tudo isso e do cheiro e do calor e da voz que tão bem conhecem, as crianças, ainda que estejam fartas de leite, se deixam morrer de fome."
(Frederic Leboyer)

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