29.11.11

Fotos do Simpósio de Saúde da Mulher


Palestrando sobre Gestação: Mudanças físicas e emocionais.

Fui homenageada com esse buquê no encerramento do Simpósio

Recebendo as flores da líder da turma de enfermagem (Cadja)
 Eu e Gilmara - aluna da FTC e minha colega de trabalho no HIPERDIA
 Eu e a aluna Heloiza no Coffee Break

Eu e Gilmara - aluna da FTC e minha colega de trabalho no HIPERDIA

27.11.11

Dança do Ventre e Gestação: Os benefícios de atividades físicas e da dança do ventre no período de gestação

Introdução

A dança é uma das mais antigas formas de arte e expressão e que, em algum momento de cada civilização, foi um ritual religioso e personificava os valores e características da cultura a qual pertencia. Para os povos primitivos, dançar era uma maneira de mostrar exuberância física e também uma forma rudimentar de comunicação. “Nas mais remotas organizações sociais a dança estava presente, celebrando as forças da natureza, investidas bélicas, mudanças das estações.” (Portinari, 1989.) 

Como modo de tentar controlar a natureza, simulando seu ciclo, originaram-se os rituais de fertilidade nas arcaicas sociedades agrícolas. E foi nesses ritos de fertilidade que a dança do ventre se desenvolveu, como uma das principais manifestações dos cultos primitivos da Deusa-Mãe do período matriarcal, tendo como objetivo o preparo de mulheres para se tornarem mães.

No Egito, rituais eram oferecidos em templos dedicados à deusa Ísis, em agradecimento à fertilidade feminina e às cheias do rio Nilo, que representavam fartura de alimentos para a região. As danças egípcias possuíam natureza acrobática e é possível que alguns de seus movimentos, como as ondulações abdominais, já fossem conhecidos no Antigo Egito, com o objetivo de ensinar às mulheres os movimentos de contração do parto.

Historiadores estimam que a dança do ventre teve sua origem entre os anos 7.000 e 5.000 a.C, e sua localização ainda é incerta. Há registros que antigas civilizações, como suméria, fenícia, acádia, babilônica e egípcia, praticavam rituais em homenagens a divindades femininas, de modo a garantir fertilidade tanto às mulheres quanto à terra. “Nesses rituais eram feitas danças que utilizavam movimentos ondulatórios e rítmicos de quadril e abdômen, constituindo a essência primordial da dança do ventre.” (Cenci.)

Nos ritos de fertilidade o ventre era considerado o símbolo do útero da terra, e ambos eram semeados. Assim como a terra precisava estar preparada para o plantio, a mulher precisava estar preparada para a gestação e o parto. Essa preparação era conseguida através da fé na Deusa-Mãe e da consciência corporal, adquirida através da dança. Assim, a dança do ventre como culto à deusa permitia tanto a força quanto o preparo, físicos e psicológicos, necessários às mulheres.

A gestação e exercícios

A gestação corresponde do desenvolvimento do embrião, desde a fecundação até o parto, e promove inúmeras modificações no organismo feminino, como alterações de humor, aumento da freqüência cardíaca e do consumo de oxigênio, aumento do útero, do peso corporal e da secreção hormonal, além de modificações posturais, sonolência e enjôos. A prática de atividade física nesse período é aconselhável por ser muito benéfica – com orientação e acompanhamentos apropriados – pois facilita a adequação às alterações, exceto em casos em que a gestação seja de risco. Para as mulheres sedentárias que planejam começar a se exercitar na gravidez é aconselhável que esperem até o terceiro mês de gestação, enquanto as que já praticavam atividades e nunca sofreram aborto espontâneo podem continuar, se adaptando a sua condição. Em todos os casos é imprescindível a autorização médica. Normalmente as atividades físicas podem ser praticadas até o parto, contanto que a gestante se sinta confortável, com a intensidade diminuída gradualmente.

Durante o parto normal alguns músculos são relaxados e outros contraídos, principalmente os abdominais, e esses movimentos devem ser coordenados para que o parto ocorra e o bebê nasça sem problemas. Exercícios que trabalham os músculos abdominais e pélvicos reduzem o tempo e a dor do parto.
As atividades físicas para gestantes diminuem o ganho de peso, risco de diabetes e partos prematuros, complicações obstétricas, dores e flacidez, melhoram a resistência muscular e cardiorrespiratória, aumentando a capacidade física para o parto e a fortalecendo para que a recuperação seja mais rápida, além de menor hospitalização, diminuição na incidência de cesárea e maior facilidade em recuperar o peso depois do parto.

A dança do ventre para gestantes 

Dentre as atividades físicas mais indicadas a gestantes está a dança do ventre, já que é de baixo impacto e pode ser executada de forma suave e sem tensões, e que além de ajudar na preparação do corpo tanto para a concepção como para o parto também trabalha a postura e fortalece e tonifica os músculos das panturrilhas, coxas, quadris, glúteos, assoalho pélvico, abdômen e braços. O fortalecimento da musculatura abdominal melhora a postura e também ajuda no controle na respiração, o que contribui bastante no momento do parto. A dança também ajuda na circulação sanguínea, responsável pelo fornecimento de nutrientes ao feto.

A prática da dança do ventre também proporciona melhor condicionamento físico e alongamento, maior coordenação motora, solta as articulações, alivia tensões e ajuda a prevenir a prisão de ventre, comum durante a gravidez. Dentre os benefícios psicológicos pode-se ressaltar maior sensação de bem estar, já que a atividade diminui a sensação de isolamento social, o risco de depressão, a ansiedade e stress, aumento da auto-estima, da feminilidade, da confiança, e do desejo sexual, que costumam ser abalados com as mudanças desse período. “Num momento em que nossas formas se modificam dia-a-dia, às vezes temos a sensação de inadequação com esse novo corpo.  A dança oferece a possibilidade de conviver pacificamente com essas modificações, sentindo cada fase como especial e momentânea. 

O movimentar desse corpo que agora abriga um outro corpo, dá leveza e confiança. A gravidez não é e nem nunca deve ser um empecilho a liberdade corporal da mulher. É importante obter prazer enquanto grávida, pois dessa forma esse período será vivido de forma plena e desprovido de desconforto, respeitando seus limites e observando sempre seu bem estar em primeiro lugar.” (Sabongi, 2000.)

Apesar de todos os benefícios que a dança do ventre proporciona às gestantes, alguns movimentos são contra-indicados. Giros não são aconselháveis, já que com a gestação o eixo do corpo muda e pode causar desequilíbrio, podendo resultar em queda. Solos de percussão, com batidas de quadril e shimmies, também são arriscados, pois podem deslocar a placenta. As aulas para gestantes devem ser leves, trabalhando mais os movimentos sinuosos, como oitos e redondos, e também mãos e braços, evitando ainda movimentos de “expulsão”, como camelos.

É recomendável para gestantes a prática de exercícios aeróbios leves a moderados, dependendo da capacidade física de cada mulher, de três a cinco vezes por semana, evitando movimentos bruscos e impactos. A gravidez já causa um esforço extra ao coração, portanto deve-se controlar a freqüência cardíaca da gestante, mantendo entre 50 e 70% da freqüência máxima. Uma maneira de saber o limite é a aluna conseguir conversar enquanto se exercita. É importante ressaltar que todo exercício deve ser feito de forma personalizada, levando em consideração cada gravidez, prestando muita atenção sinais que possam indicar algum problema, como qualquer tipo de dor, dificuldades respiratórias, vômitos, tonturas, desmaios, etc.

A dança do ventre contribui ainda no período do pós-parto (ou resguardo), que tem a duração entre seis e oito semanas, terminando com o retorno da menstruação. Essa é uma fase na qual a mulher ainda vivencia muitas alterações e é o tempo que seu organismo necessita para se restabelecer e voltar ao estado anterior à gestação, especialmente em relação à forma física.

É essencial para garantir a saúde tanto da gestante quanto do bebê aliar a atividade física com nutrição adequada, e alguns desconfortos da gravidez também podem ser atenuados com a alimentação. É o caso dos enjôos, que podem ser aliviados com ingestão de frutas, sucos de sabor azedo, alimentos em forma de papa ou purês, além de bebidas e comidas mornas ou frias. Devido às alterações hormonais na gestação, a digestão tende a ficar mais lenta e a azia e a prisão de ventre se tornam inevitáveis. Para amenizar tais infortúnios pode-se apostar em uma dieta leve, rica em fibras, líquidos e frutas (como mamão, melão, ameixa, figo, uva). Deve-se evitar alimentos gordurosos e fritos e jamais esquecer a ingestão de água, especialmente durante as atividades físicas.

Conclusão

A dança do ventre praticada de forma regular e adequada durante a gestação é uma maneira agradável e eficiente de manter a saúde e forma física, e ainda preparar o corpo para o parto. Nesse período é fundamental a prática de atividades físicas prazerosas e seguras, respeitando as alterações metabólicas e hormonais da gestação. “Cuidar de você mesma enquanto está gerando seu filho é um prazer necessário e bem vindo. Aproveite esse tempo para oferecer a si mesma a melhor das atenções e todo o cuidado do mundo. Curta sua gravidez, os momentos que vivemos hoje são diferentes dos que viveremos amanhã. Cada gestação tem suas características peculiares e únicas, esteja alerta para viver intensamente essa experiência maravilhosa que é ser mãe.” (Sabongi)

Ana Paula Camillo

Fonte: http://www.paulaperizad.com.br/?p=100

25.11.11

DIA INTERNACIONAL de ELIMINAÇÃO da VIOLÊNCIA contra a MULHER! Chega de EPISIO!!!

A Episiotomia é uma mutilação genital rotineira no Brasil: é praticada em mais de 95% dos partos hospitalares, quando na verdade só é realmente necessária em 5 a 15%.

Ao olhar para esta foto, começa-se a entender porquê tantas mulheres optam pela cirurgia cesariana: parece muito mais aceitável uma cirurgia de grande porte, onde são cortadas 7 camadas de pele e dados em média 75 pontos, do que ter seu órgão mais delicado e valioso tratado desse jeito.

Submeter indivíduos a procedimentos médicos invasivos SEM REAL NECESSIDADE é uma forma de violência. A Episiotomia é a forma de violência contra a mulher mais comum no Brasil.

E aí, vamos fazer algo à respeito?
 Fonte: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10150483600555941&set=a.500645655940.301844.690450940&type=1&theater

DIA INTERNACIONAL de ELIMINAÇÃO da VIOLÊNCIA contra a MULHER!


18.11.11

Atraso no corte do cordão umbilical previne problemas na infância

Um estudo sueco, publicado pelo "British Medical Journal", revelou que, atrasar o corte do cordão umbilical no parto, reduz o risco de carência de ferro na infância.

São cada vez mais as mães que, no parto, pedem para atrasar o corte do cordão de forma a permitir que uma maior quantidade de sangue da placenta seja transferida para o bebé. Vários estudos, conduzidos anteriormente, garantiram que o procedimento é seguro e os investigadores salientam que passará a ser integrado na rotina dos partos.

A falta de ferro no organismo, prevenida com o atraso do corte do cordão umbilical, pode originar algumas deficiências motoras e um fraco desenvolvimento cognitivo, segundo conclusões dos especialistas suecos.
Em 2006, nutricionistas da Universidade de Davis, na Califórnia, tinham chegado à mesma conclusão, após um estudo que atrasava o corte do cordão em dois minutos.
Na altura, a investigadora responsável, Kathryn Dewey, salientou que, apesar de ser uma das grandes preocupações nos países menos desenvolvidos, a carência de ferro era, também, preocupante nos países industrializados, como os Estados Unidos, em especial para bebés com menos peso ou nascidos de mães com a mesma carência.
O estudo sueco foi aplicado em 400 bebés cujos cordões foram cortados com diferenças temporais entre os dez segundos e os três minutos após o nascimento. Quatro meses depois, os investigadores mediram os níveis de ferro e concluíram que os bebés cujo corte do cordão foi atrasado, registavam níveis de ferro mais elevados.
Em termos proporcionais, isto significa que em cada 20 bebés com atraso de três ou mais minutos no corte do cordão, regista-se apenas um caso de carência de ferro. Além disso, não se verificou nenhum aumento de outras possíveis complicações que os especialistas julgavam estar relacionadas com o procedimento, como a icterícia.

Ola Andersson, do serviço de Neonatologia do Hospital de Halland, na Suécia, referiu, citado pelo jornal "The Telegraph", que "a carência de ferro, mesmo sem anemia, tem sido associada com alguns problemas de desenvolvimento nas crianças".
Patrick van Rheenen, consultor de Pediatria na Universidade de Groningen, na Holanda, explica que existem provas suficientes para aplicar este procedimento na rotina dos partos sem complicações.
O especialista referiu que "o equilíbrio entre os riscos maternos e os benefícios infantis do atraso do corte do cordão, claramente beneficiam a criança" e questionou: "Quantas mais provas são necessárias para convencer obstetras e parteiros que é bom esperar três minutos pela transferência de sangue da placenta?". Catarina Navio



O que a gestante pode ou não fazer na praia ou na piscina

Especialistas esclarecem as principais dúvidas do que é permitido ou não nos dias de folga. As dicas valem para quem vai para a praia ou para a piscina

1.Posso tomar banho de mar?
Pode, desde que tome algumas precauções. “Para evitar um esforço muito intenso e o risco de quedas provocadas por ondas fortes, a gestante não deve nadar em áreas profundas. Recomendo que o nível da água fique na altura do joelho”, diz Yuri Andrei Dutra Sampaio, ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz, de São Paulo. Outro cuidado a ser tomado é permanecer de costas para as ondas para que não haja choque direto com a região do abdômen. É bom lembrar que a permissão para banho de mar é válida para as gestações de baixo risco. Gestantes com perigo de abortamento no primeiro trimestre, hipertensas ou com qualquer outra restrição devem conversar com o médico antes.


2.Posso entrar na piscina?
Não há problema em tomar banho de piscina se a movimentação na água for moderada. Use sempre o bom senso e tudo correrá bem. “O banho de lazer na piscina deve ser sem atividade física, apenas para relaxar. Quem deseja fazer exercício deve procurar aulas de hidroginástica com um profissional especializado”, orienta Sampaio.


3.Posso brincar com meu filho mais velho?
Mais uma vez, vale o bom senso. Na areia da praia, nada impede a brincadeira de cavar com pá e baldinho, por exemplo. Já jogar frescobol costuma exigir muito esforço e colocá-la na zona em que uma bolada pode atingi-la. Melhor evitar. Na piscina, ficam proibidos saltos, mergulhos de cabeça, ir até o fundo para pegar objetos e qualquer outro movimento brusco ou exagerado. Brincar com cautela e na superfície da água está liberado.


4.Posso tomar sol?
Os cuidados com a exposição ao sol devem ser redobrados durante a gravidez. “A pele da gestante é mais sensível, por esse motivo ela deve optar por um protetor solar com fator de proteção máximo e evitar os picos de sol”, esclarece o obstetra Yuri Sampaio. “O sol deve ser aproveitado no começo da manhã e no final da tarde, sempre com protetor solar e sem se esquecer do chapéu e do guarda-sol”, reforça Eduardo de Souza, professor do Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo. Todos esses cuidados impedem que os raios solares incidam diretamente sobre a pele e minimizam o risco das manchas características dessa fase.


5.Posso comer quitutes de praia?
Os médicos são categóricos: melhor não consumir produtos vendidos por ambulantes. Isso porque raramente se pode confiar na procedência desses alimentos. Sem contar que muitos desses quitutes são frituras, como os famosos espetinhos de camarão. “A grávida deve evitar alimentos gordurosos porque seu ritmo digestivo é mais lento e ela é mais suscetível a problemas intestinais”, resume Yuri Sampaio.


6.Posso comer pratos apimentados?
Se você conhecer a procedência do alimento e não tiver manifestado problemas como azia e digestão difícil, sim. Porém não abuse para não se sentir mal. “Na praia, o ideal é alimentação leve, frutas frescas e muita hidratação”, lembra o médico Eduardo de Souza. Para se hidratar, além da água, invista em água de coco, sucos naturais e picolés de fruta de marcas conhecidas.


7.O biquíni molhado pode trazer problemas?
A roupa de banho úmida em contato com o corpo por muito tempo pode causar infecções na vulva e na vagina de qualquer mulher. No caso da gestante, é ainda mais perigoso porque a gravidez a deixa mais sujeita a doenças como a candidíase vaginal. O ideal é não permanecer com o biquíni molhado por muito tempo.


8.Posso viajar para a praia sem risco para minha pressão?

O obstetra Eduardo de Souza explica que a mudança de altitude pode trazer uma ligeira baixa na pressão arterial, mas ela pode ser combatida com alimentação fracionada a cada hora e ingestão de líquidos. E lembre: no último mês de gravidez, não é aconselhável viajar para lugar algum. Os deslocamentos por estrada são proibidos pelos médicos, por isso, o melhor mesmo é ficar quietinha em casa.

9.O calor pode aumentar o inchaço?

Com certeza, sim, porque a alta temperatura provoca a dilatação do sistema venoso. Entretanto, algumas estratégias ajudam a combater o inchaço. Procure não ficar muito tempo sentada nem em pé, imóvel. Caminhadas leves também minimizam o problema. Além disso, reduza a quantidade de sal na comida. Na areia da praia ou na borda da piscina, sente-se e estique as pernas sobre outra cadeira.



Fonte: http://bebe.abril.com.br/materia/o-que-voce-pode-ou-nao-fazer-na-praia-ou-na-piscina
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7.11.11

O Choro do Bebê em Diversas Culturas

"Há extensa evidência científica de que o estilo ocidental de cuidar do bebê repetidamente e, provavelmente de forma perigosa, provoca uma violação no sistema adaptativo chamado CHORO que evoluiu para ajudar os bebês a comunicarem-se com os adultos. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas estão acostumadas a crianças chorando em público. É aceito e até esperado que bebês em algum ponto da vida vão chorar por longos períodos. Como resultado, muitos adultos em transportes públicos passam longe de pais com crianças pequenas, para ficarem distantes antes de a choradeira começar. A situação é dramaticamente diferente em outras partes do mundo.

Até para um visitante esporádico, torna-se evidente que bebês fora da cultura ocidental raramente choram. Eu nunca vi um bebê na África ou em Bali chorando, durante as minhas muitas viagens a esses lugares. E esta observação é confirmada por pesquisas de pediatria relacionada à antropologia.

Num estudo comparando o total de choro entre bebês americanos, holandeses e da tribo !Kung San, Ronald Barr descobriu que os bebês nas 3 culturas choram com igual freqüência - ou seja, começam a choramingar o mesmo número de vezes por dia. Todos os bebês, independentemente da cultura, também produzem uma curva similar de choro (pico por volta dos 2 meses). Mas há uma dramática diferença na duração do choro nas diversas culturas. Bebês ocidentais berram por muito mais tempo em cada episódio de choro e o total de tempo gasto chorando a cada dia é maior tanto na Holanda quanto nos USA.

O pediatra Barry Brazelton descobriu que bebês da cultura Maya no México estão freqüentemente acordados mas calmos e não verificou períodos de choro intenso.

Num estudo com 160 bebês coreanos, um outro pesquisador descobriu que nenhum bebê foi classificado como tendo cólica, não houve pico de choro aos 2 meses de vida e aparentemente não houve choro excessivo no final da tarde. A amostra é intrigante porque os coreanos têm o mesmo nível sócio-econômico de outras nações desenvolvidas.

Bebês coreanos de 1 mês de vida passam somente 2 horas por dia, ou 8,3% do seu tempo, sozinhos. Em contraste, bebês americanos passam 67,5% do seu tempo sozinhos. Além disso, bebês coreanos são carregados no colo quase duas vezes mais diariamente que os bebês americanos. E as mães coreanas sempre respondem imediatamente ao choro do bebê, enquanto mães americanas são tipicamente ignoram o choro do bebê por grande parte do tempo.

Em outro estudo, Bell e Ainsworth descobriram que mães americanas deliberadamente não respondem a 46% dos episódios de choro dos bebês durante os primeiros 3 meses de vida. Deduz-se que o estilo de cuidar dos coreanos leva o mérito pelo menor tempo de choro e a inexistência de cólica.

Os estudos mostram que, embora o choro por si só seja universal entre os bebês, a forma em que o choro se manisfesta não é inato, mas facilmente influenciado pelo meio.

A noção de que todos os bebês choram muito de noite é falsa. A crença de que cólica é o final de um volume normal de choro, que é algo inevitável, também é errônea. O choro é altamente influenciado pelo ambiente imediatamente em volta do bebê.

Por mais que seja difícil explicar a uma mãe americana insone e exausta, que está passando mais uma noite em claro embalando seu filho, o estilo de cuidar ocidental parece ser a raiz do desconforto do bebê. E a solução não está simplesmente na forma de embalar ou de alimentar a criança. Nem significa que uma mãe é melhor que a outra.

Novas pesquisas mostram que os bebês ocidentais tipicamente choram por mais tempo e até desenvolvem "cólica", porque o estilo de cuidar que é culturalmente aceito é contraditório com a biologia infantil. Quando um bebê chora inconsolavelmente por horas, quando seu corpinho se arqueia em frustração, quando seus punhos dão socos no ar de raiva, vemos o exemplo mais claro de contradição entre biologia e cultura. O bebê está respondendo a um ambiente que foi culturalmente alterado e para o qual ele não está biologicamente adaptado.

O bebê é biologicamente adaptado a demandar um apego físico constante e um cuidado para o qual o bebê humano evoluiu milhões de anos atrás. Mas em algumas culturas, como nos países industrializados da Europa e da América do Norte, pais optam por uma relação mais independente com seus bebês. Eles decidem colocar os bebês em berços e em bebês-conforto ao invés de carregá-los consigo o tempo todo, alimentá-los em intervalos pré-determinados ao invés de sob demanda e responder mais lentamente aos seus sinais de desconforto. E

mbora esse estilo traga alguma liberdade aos pais, também traz um custo: um bebê chorão que não está biologicamente adaptado à modificação cultural."

Extraído do livro Our Babies, Ourselves. Meredith F. Small.
Capítulo "Crying across cultures"
Tradução de Flávia Mandic
Fonte: http://www.facebook.com/notes/solu%C3%A7%C3%B5es-para-noites-sem-choro/o-choro-do-beb%C3%AA-em-diversas-culturas/241196922571391