22.5.11

Falsos alarmes para o parto

Calcinha molhada: pode ser um sinal que a bolsa estourou, mas pode ser também apenas corrimento vaginal. Troque de calcinha ou ponha um absorvente e fique deitada, em repouso. Se for corrimento (tem cheiro de leite azedo e é esbranquiçado), não vai acontecer nada. Se for líquido (cheira a água sanitária e lembra água de coco), vai vazar. Vá para o hospital. 

Contrações: se não forem acompanhadas de dor ou ritmadas, acalme-se. São as chamadas contrações de Braxton Hicks, comuns no fim da gestação, e causam desconforto, uma espécie de cãibra. 

Sangramento: pode ser o tampão mucoso, que sai até dez dias antes do parto, ou um sangramento mesmo, com sangue vermelho vivo e o fluxo maior ou igual ao de menstruação. Nos dois casos, ligue para o seu médico. 

Movimentos fetais: eles diminuem a partir da 38ª semana. Sempre depois que você comer, o bebê vai se mexer. Se você acha que ele está muito parado, fale com o obstetra.

Fonte: Ana Paula Junqueira Santiago, ginecologista e obstetra do Hospital São Camilo (SP)
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI136076-10584,00.html
 

19.5.11

19 de Maio - Dia Internacional de Doação de Leite Humano

Amamentar é mais do que garantir a saúde do bebê em seus primeiros meses de vida. É um ato de amor insubstituível...

Doar leite materno então... é um ato duplo de amor, é uma atitude sublime! Hoje, no dia em que é celebrado o Dia Internacional de Doação de Leite Humano, repasso algumas informações relevantes sobre doação de leite materno.

Quem pode ser doadora de leite humano? Mulheres que quando estão amamentando produzem um volume de leite além da necessidade do bebê. Ela também deve ser saudável, não usar medicamentos que impeçam a doação e se dispor a ordenhar e a doar o excedente.

Como doar?
Se você quer doar seu leite entre em contato com um Banco de Leite Humano.
Clique aqui e veja o mais próximo de você.

Como preparar o frasco para coletar o leite humano?

- Escolha um frasco de vidro com tampa plástica, pode ser de café solúvel ou maionese;
- Retire o rótulo e o papelão que fica sob a tampa e lave com água e sabão, enxaguando bem;
- Em seguida coloque em uma panela o vidro e a tampa e cubra com água, deixando ferver por 15 minutos (conte o tempo a partir do início da fervura);
- Escorra a água da panela e coloque o frasco e a tampa para secar de boca para baixo em um pano limpo;
- Deixe escorrer a água do frasco e da tampa. Não enxugue;
- Você poderá usar quando estiver seco.

Como se preparar para retirar o leite humano (ordenhar)?

O leite deve ser retirado depois que o bebê mamar ou quando as mamas estiverem muito cheias. Ao retirar o leite é importante que você siga algumas recomendações que fazem parte da garantia de qualidade do leite humano distribuído aos bebês hospitalizados:
1- Escolha um lugar limpo, tranquilo e longe de animais;
2- Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço;
3- Evite conversar durante a retirada do leite ou utilize uma máscara ou fralda cobrindo o nariz e a boca;
4- Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque em uma toalha limpa.

Como retirar o leite humano (ordenhar)?

Comece fazendo massagem suave e circular nas mamas. É ideal que o leite seja retirado de forma manual:
- Primeiro coloque os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola (parte escura da mama);
- Firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo;
- Comprima suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair;
- Despreze os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco.

Como guardar o leite retirado para doação?

O frasco com o leite retirado deve ser armazenado no congelador ou freezer.
Na próxima vez que for retirar o leite, utilize outro recipiente esterilizado e ao terminar acrescente este leite no frasco que está no freezer ou congelador. O leite pode ficar armazenado congelado por até 15 dias. O leite humano doado, após passar por processo que envolve seleção, classificação e pasteurização, é distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades neonatais.
 
 
Fonte: Ministério da Saúde

15.5.11

Violência contra a mulher no período perinatal


Uma mulher pode ser violentada física e emocionalmente de diversas formas no período perinatal.


Na gestação: Pela nossa insensibilidade, ao não reconhecermos a sabedoria interior de nossas maravilhosas grávidas, ao tentarmos corrigi-las e educa-las, sem orientá-las a entrar em contato consigo mesma, com a bússola que existe dentro de cada uma de nós mulheres, nossa intuição.


No parto: Pelo não reconhecimento da natureza mamífera que habita em nós, pela imposição de partos e de procedimentos, que nos desconectam da força materna que existe dentro de cada uma de nós, do nosso poder feminino de parir e nutrir.

No pós-parto: Pelo afastamento de nossas crias nas essenciais primeiras horas de vida, pela dor e angústias (físicas, emocionais e vibracionais) consequentes de uma cirurgia, muitas vezes desnecessária, chamada cesariana.

No Hospital: Pela oferta desnecessária, intra-hospitalar, de outros leites, ou líquidos adocicados, aos nossos pequeninos, sedentos de colostro. Na prescrição impulsiva e precipitada de fórmulas lácteas.

Na vida: Pelos olhares de desaprovação embutidos na pergunta a uma mãe se ela amamenta, ou na observação de uma mulher oferecendo mamadeira ao seu filho. Na cruel cobrança por um sucesso na amamentação, sem que se tenhamos realmente oferecido, enquanto sociedade, as condições propícias para que este ato pudesse ocorrer.


6.5.11

Ausência de colostro na gestação

O colostro começa a ser produzido por volta da 20ª semana de gestação, mas nem todas as mulheres apresentam sinais de saída de colostro durante a gravidez. Alias, não é recomendado ficar apertando a mama, pois esta atividade é capaz de estimular a produção de um hormônio chamado ocitocina e pode provocar contrações uterinas, além de um possível trabalho de parto prematuro. Muito cuidado!

Não se preocupe se você percebe que não há colostro, mesmo nos últimos dias de gestação. Com as mudanças hormonais após o parto (queda do estrogênio/progesterona e ativação dos receptores de prolactina), e a estimulação dos terminais nervosos do mamilo provocado pela sucção, ele aparecerá. O importante é não se estressar, pois os cientistas acreditam que o estresse estimula a secreção de adrenalina pela glândula supra renal e esta atua impedindo a secreção da prolactina  – responsável pela produção do leite.

Há mães que percebem a presença do colostro durante a gravidez e são surpreendidas pela ausência de colostro após o parto, por razões ainda não decifradas. Neste sentido, o fato de você não ver sequer uma gotinha leitosa sair do mamilo não quer dizer que você não terá leite. Já vi mulheres, inclusive com mamoplastia redutora, que se preocuparam por não verem o colostro enquanto estavam gestando e foram premiadas com a apojadura (descida do leite – leite de transição) ainda na maternidade.
Em suma, a presença ou ausência de colostro durante a gestação não prediz quando acontecerá a “descida” do leite após o nascimento, nem quanto leite você vai produzir – quanto mais o bebê mamar, mais leite materno será produzido. 
O colostro normalmente (mas nem sempre) é ejetado até o 7ª dia, quando cede lugar ao leite de transição e depois se transforma em leite maduro,  por volta do 15º dia. A orientação é manter a tranquilidade e aguardar o nascimento. Não há razões para sofrer por antecedência. Quer mais adrenalina bloqueando a prolactina? Tenho certeza que não!

Por Enfª Grasielly Mariano
http://consultoraemamamentacao.blogspot.com/2011/04/ausencia-de-colostro-na-gestacao.html

1.5.11

Teoria da Extero-gestação

Os bebês humanos estão entre os mais indefesos de todos os  mamíferos. Por causa do maior tamanho do cérebro e do fato de  que o tecido nervoso necessita de mais calorias para se manter  que qualquer outro, grande parte do alimento ingerido é gasto  em prover nutrição e calor para as células nervosas.

Mais  significante é o fato de que nossos bebês necessitam nascer mais  cedo do que deveriam, com seus cérebros ainda não totalmente desenvolvidos. Se o bebê humano nascesse já com o sistema nervoso central amadurecido, sua cabeça não passaria pela pelve estreita da mãe no momento do parto.

Ao contrário de outros mamíferos, como girafas e cavalos, o recém-nascido humano é incapaz de andar por um longo período após o nascimento, porque lhe falta o aparato neurológico maduro para tanto. O custo primal de ter um cérebro grande é que nossos filhotes nascem extremamente dependentes e em necessidade constante de cuidado.

O crescimento do nosso cérebro após o nascimento é mais rápido do que o de qualquer outro mamífero e segue neste ritmo por 12 meses.  A seleção natural demanda que pais humanos cuidem de seus filhos por um longo período e que os filhos dependam dos pais. Esta necessidade mútua traduz-se em um estado emocional chamado “apego”.

Em algumas culturas, como na tribo !Kung, bebês raramente choram por longos períodos e não há sequer uma palavra que signifique “cólica”. As mães carregam os bebês junto ao corpo, com um aparato semelhante a um “sling”, mesmo quando saem para a colheita. A relação mãe-bebê é considerada sacrossanta, eles permanecem juntos o tempo todo. O bebê tem livre acesso ao seio materno e vê o mundo do mesmo ponto de observação que sua mãe. 

Nossa cultura ocidental não permite um estilo de vida idêntico ao de tribos primitivas, mas podemos tirar lições valiosas sobre como ajudar nossos bebês na adaptação à vida extra-uterina. Nos primeiros 3 meses de vida, o bebê humano é tão imaturo que seria benéfico a ele voltar ao útero sempre que a vida aqui fora estivesse difícil. É preciso compreender o que o bebê tinha à sua disposição antes do nascimento, para saber como reproduzir as condições intrauterinas. 

O bebê no útero fica apertadinho, na posição fetal, envolvido por uma parede uterina morninha, sendo balançado para frente e para trás a maior parte do tempo. Ele também estava ouvindo constantemente um barulho "shhhh shhhh", mais alto que o de um aspirador de pó (o coração e os intestinos  da mãe).

A reprodução das condições do ambiente uterino leva a uma resposta neurológica profunda "o reflexo calmante". Quando aplicados corretamente, os sons e sensações do útero têm um efeito tão poderoso que podem relaxar um bebê no meio de uma crise de choro. 

Os 5 métodos para acalmar um bebê até 3 meses de idade são extremamente eficazes SOMENTE quando executados corretamente. Sem a técnica correta e o vigor necessário, não adiantam em nada.

1. Pacotinho ou casulo (embrulhar o bb apertadinho)

A pele é o maior órgão do corpo humano e o toque é o mais calmante dos cinco sentidos. Embrulhadinho, o bebê recebe um carinho suave. Bebês alimentados, mas nunca tocados, freqüentemente adoecem e morrem. Estar embrulhadinho não é tão bom quanto estar no colo da mãe, mas é um ótimo substituto para quando a mãe não está por perto. Bebês podem ser embrulhados assim que nascem. Apertadinhos, de forma que não mexam os braços.  Eles se sentem confortáveis, "de volta ao útero". Bebês mais agitados precisam mais de ser embrulhados, outros são tão calmos que não precisam.  

Se o bebê tem dificuldade para pegar no sono, pode ser embrulhado apertadinho, não é seguro colocar um bebê para dormir com um cueiro solto. Não permita que o cueiro encoste no rosto do bebê. Se estiver encostando, o bebê vai virar o rosto procurando o peito, ao invés de relaxar. 

Todos os bebês precisam de tempo para espreguiçar, tomar banho, ganhar uma massagem. 12-20 horas por dia embrulhadinho não é muito para um bebê que passava 24 horas por dia apertadinho no útero. Depois de 1 ou 2 meses, você pode reduzir o tempo, principalmente com bebês tranqüilos e calmos. 

2. Posição de Lado 

Quanto mais nervoso seu bebê estiver, pior ele fica quando colocado sobre as costas. Antes de nascer, seu bebê nunca ficou deitado de costas. Ele passava a maior parte do tempo na posição fetal: cabeça para baixo, coluna encolhida, joelhos contra a barriga. Até adultos, quando em perigo, inconscientemente escolhem esta posição. 

Segurar o bebê de lado ou com a barriga tocando os braços do adulto ajuda a acalmá-lo (a cabeça fica na mão do adulto, o bumbum encostado na dobra do cotovelo do adulto, com braços e pernas livres, pendurados). Carregar o bebê num sling, com a coluna curvada, encolhidinho e virado de lado, tem o mesmo efeito. Atualmente especialistas são unânimes em dizer que bebês NÃO DEVEM SER POSTOS PARA DORMIR DE BRUÇOS, pelo risco de morte súbita. 

O bebê não sente falta de ficar de cabeça para baixo, como no útero, porque na verdade o útero é cheio de fluido e o bebê flutua, como se não tivesse peso algum. Do lado de fora, sem poder flutuar, virado de cabeça para baixo, a pressão do sangue na cabeça é desconfortável. 

3. Shhhh Shhhh - O som favorito do bebê 

O som "shhh shhh" é parte de quem somos, tanto que até adultos acham o som das ondas do mar relaxante.  Para bebês novinhos, "shhh" é o som do silêncio. Ele estava acostumado a ouvir tal som 24 horas por dia, tão alto quanto um aspirador de pó. Imagine o choque de um bebê acostumado a tal som o tempo todo chegando a um mundo onde as pessoas cochicham e caminham na ponta dos pés, tentando fazer silêncio!

Coloque sua boca 10-20 cm de distância dos ouvidos do bebê e faça "shhh", "shhh". Aumente o volume do "shh" até ficar tão alto quanto o choro do bebê. Pode parecer rude tentar "calar" um bebê choroso fazendo "shh", mas para o bebê, é o som do que lhe é familiar. 

Na primeira vez fazendo "shhh", seu bebê deve calar pós uns 2 minutos. Com a prática, você será capaz de acalmar o bebê em poucos segundos. É ótimo ensinar isso aos irmãos mais velhos, que adorarão poder ajudar e acalmar o bebê. 

Para substituir o "shhh", pode-se ligar:
- secador de cabelos ou aspirador de pó
- som de ventilador ou exaustor
- som de água corrente
- um CD com som de ondas do mar
- um brinquedo que tenha sons de batimentos cardíacos
- rádio fora de estação ou babá eletrônica fora de sintonia
- secadora de roupas ligada com uma bola de tênis dentro
- máquina de lavar louças
- O barulho do carro ligado também acalma a criança. 

"A vida era tão rica no útero. Rica em sons e barulhos. Mas a maior parte era movimento. Movimento contínuo. Quando a mãe senta, levanta, caminha e vira o corpo - movimento, movimento, movimento." (Frederick Leboyer, Loving Hands) 

Quando pensamos nos 5 sentidos - visão, audição, tato, paladar e olfato - geralmente esquecemos o sexto sentido. Não é intuição, mas a sensação de movimento no espaço. Movimento rítmico ou balanço é uma forma poderosa de acalmar bebês (e adultos). Isso porque o balanço imita o movimento que o bebê sentia no útero materno e ativa as sensações de "movimento" dentro dos ouvidos, que por sua vez ativam o reflexo de acalmar. 

Como balançar ?
1. Carregando o bebê num "sling" ou canguru;
2. Dançando (movimentos de cima para baixo);
3. Colocando o bebê num balanço;
4. Dando tapinhas rítmicos no bumbum ou nas costas;
5. Colocando o bebê na rede;
6. Balançando numa cadeira de balanço;
7. Passeando de carro;
8. Colocando o bebê em cadeirinhas vibratórias (próprias para isso);
9. Sentando com o bebê numa bola inflável de ginástica e balançando de cima para baixo com ele no colo;
10. Caminhando bem rapidamente com o bebê no colo.  

Quando balançar o bebê, seus movimentos devem rápidos mas curtos. A cabeça do bebê não fica sacudindo freneticamente. A cabeça move no máximo 2-5 cm de um lado para o outro. A cabeça está sempre alinhada com o corpo e não há perigo de o corpo mover-se numa direção e cabeça abruptamente ir na direção oposta. 

5. Sucção 

No útero, o bebê está apertadinho, com as mãos sempre próximas ao rosto, sugando os dedos com freqüência. Quando nasce, não mais consegue levar as mãos à boca. A sucção não- nutritiva é outra forma de acalmar o bebê.
A amamentação em livre demanda não é recomendada somente para garantir a nutrição do bebê e a produção de leite da mãe, mas também para suprir a necessidade de sucção não-nutritiva. Alguns especialistas orientam às mães a darem chupetas para isso, mas ainda que a chupeta seja oferecida ao bebê, não deve ser introduzida nas 6 primeiras semanas de vida, quando a amamentação ainda está sendo estabelecida. Há sempre o risco de haver confusão de bicos e o bebê sugar o seio incorretamente.  

É importante lembrar que o bebê nunca chora à toa. O choro nos primeiros meses de vida é a única forma de comunicar que algo está errado. Ainda que ele esteja limpo e bem alimentado, muitas vezes chora por necessidade de aconchego e calor humano. Por isso, falar que bebê novinho (recém nascido até 3 meses ou mais) faz manha (no sentido de chorar para manipular "negativamente" os pais) não tem sentido. Bebês novinhos simplesmente não tem maturidade neurológica para tanto.

Texto elaborado por Flavia Mandic
Bibliografia: The Happiest Baby on The Block, Dr. Harvey Karp, Bantam Dell, 2002. New York. Our Babies, Ourselves: How Biology and Culture Shape the Way We Parent, Meredith F. Small, Anchor Books, 1998. New York.


Por que é que as nossas bonecas usam chupetas e mamadeiras?

As bonecas eram pra ser um componente lúdico da infância. E como componente lúdico, educar enquanto diverte. Eram pra funcionar como uma espécie se simulador do mundo de gente grande: ter filhos, trocar roupa de criança, ninar bebes, imaginar criar laços, dar papinha, fazer comidinha, pentear cabelinho do filho, dar nome ao bebe, apelido... As bonecas eram pra ser uma brincadeira de gente grande no mundo da criança, mas então por que é que as bonecas usam chupetas e mamadeiras?
 
O legal é que essa coisa de criança chamada boneca é quase sempre um dos primeiros brinquedos que os pais ou avós se ajeitam pra dar: aniversario, natal, dia da criança... E pais e avós são o espelho do bom exemplo: quando eu crescer quero ser forte igual papai, quero ser bonita igual mamãe. E ai de quem dizer coisa feia de papai e de mamãe: é briga certa. Ninguém é mais forte que papai. Ninguem é mais certo que mamãe. Ninguem mais inteligente que vovô e vovó. E quase sempre comportamento desses mais velhos inquestionável durante a infância mais tenra. Ouse criticar uma boneca dada de presente. Tente. Mas então por que é que as bonecas usam chupetas e mamadeiras?
Nessa primeira década do terceiro milênio não há mais duvidas de que as chupetas e mamadeiras quando oferecidas aos bebes que mamam no peito prejudicam o aleitamento materno. Não se questiona que o uso de formula representa um risco à saúde dos bebes, à saúde da nossa infância. Ninguem se atreve a discordar da superioridade do leite materno em relação a qualquer outro alimento para o bebe. Fácil concluir que chupetas e mamadeiras são, quando aplicadas indiscriminadamente a nossa infância inicial, uma ameaça à vida. Então por que é que as bonecas usam chupetas e mamadeiras?
Se basta olhar para as mais lindas e caras bonecas do mercado e diagnosticar que em sua quase totalidade tem graves patologias orais identificadas por defeitos de fechamento da boca causados pelo uso das chupetas e mamadeiras que as acompanham? Se são doentinhas nossas bonecas, muitas delas respiradores bucais (como nos ensina a maravilhosa odontopediatra Dra Gabriela Dorothy), por que é que mesmo assim as nossas bonecas usam chupetas e mamadeiras?
E se em 2000 a ONU traçou como um dos objetivos do milênio a redução da mortalidade infantil e já esta comprovado que o aleitamento materno pode, se iniciado na primeira hora, prevenir a morte de mais de um milhão de bebes em todo mundo e se já é conhecida a influencia fortemente negativa da pratica do uso de chupetas e mamadeiras na cultura saudável do aleitamento materno, banalizando um comportamento perigoso e ameaçador da sobrevivência de mais de um milhão de bebes com até um mês de vida no mundo inteiro, então por que é que as nossas bonecas ainda usam chupetas e mamadeiras?
E se existem normas constitucionais que regulamentam a comercialização de bicos e formulas artificiais para a infância por entenderem que a amamentação é um bem garantido por nossa constituição e não pode ser ameaçado impunemente pela industria e pela fome de lucro de empresas descompromissadas com o bem de nosso povo, por que é que as nossas bonecas ainda insistem em usar chupetas e mamadeiras?
Se o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03) em seu artigo 26 determina que “são vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir” e assim o fazem como instrumento legal de combate à banalização cultural da violência entre nossas crianças, porque é que sendo uma ameaça à cultura de inquestionável índice de biosegurança que é o aleitamento materno, as chupetas e mamadeiras em brinquedos de crianças não são igualmente proibidos de serem fabricados?  Por que é que as nossas bonecas usam chupetas e mamadeiras?
Se nesses 25 anos de pediatria vi minha classe profissional ser muitas vezes acusada de negligencia e responsabilizada abertamente em diversas discussões pela alta taxa de desmame precoce em nosso meio sem que essas referencias negativas levassem em conta o imenso papel deseducador que as chupetas e mamadeiras de brinquedo causam na formação da consciência da criança que um dia vai virar mamãe mergulhada nessa incoerente descriminalização desses nada inocentes brinquedinhos então , por que é que as nossas bonecas ainda insistem em usar chupetas e mamadeiras?
Que sabe responder? Quem arrisca tentar? Quem pode supor por que essa liberdade de comercio irresponsável da ameaça à vida humana insiste em receber a negligencia das leis, dos cuidadores, dos profissionais, dos pais, da mídia, da voz que era pra denunciar e se cala, da força que era pra lutar e se recolhe?
Alguém mais lúcido e coerente que este perguntador pode me dizer por que é que as nossas bonecas ainda insistem em usar chupetas e mamadeiras?
Dr. Luís Alberto Mussa Tavares