27.9.13

12 maneiras de ser a pior mãe do mundo


12 maneiras de ser a pior mãe do mundo

Uma vez, eu saí da loja, sem dar a bolacha que meu filho fez birra para conseguir. Uma mulher me parou no estacionamento e me disse que eu era a melhor mãe naquele local. Já minha filha não tinha tanta certeza disso. Quando seus filhos lhe disserem que você é má, tome isso como um elogio. A nova geração tem sido chamada de a mais preguiçosa, mais rude, e a com mais títulos da história. As histórias sobre crianças que são difíceis de lidar assustam até a melhor das mães. Novidade: não são apenas as crianças, são os pais. É fácil querer jogar a toalha e desistir de brigar com seus filhos. Afinal, todas nós não queremos ser a mãe legal? Não desista. Eles podem pensar que você é malvada agora, mas eles vão agradecer-lhe mais tarde.

Aqui estão 12 maneiras de ser a pior mãe do mundo:

1. Faça seus filhos irem para a cama a uma hora razoável. Será que existe alguém que não tenha ouvido o quão importante uma boa noite de sono é para o sucesso de uma criança? Faça seu papel de mãe e coloque seu filho na cama. Ninguém nunca disse que a criança tinha que querer ir para a cama. Eles podem brigar no início, mas com persistência, eles aprenderão que você está falando sério. E depois é só aproveitar para ter um tempo só seu ou para o casal.

2. Não dê a seus filhos sobremesa todos os dias. Doces devem ser guardados para ocasiões especiais. Isso é o que os deixa mais gostosos. Se você ceder às exigências de seu filho de ter doces o tempo todo, ele não vai apreciar o gesto quando alguém lhe oferecer um doce como recompensa ou presente. Além disso, imagine quanto isso pode custar caro quando o levar ao dentista e ao médico.

3. Faça-os pagar por suas próprias coisas. Se você quer algo, você tem que pagar por aquilo. É assim que funciona a vida adulta. Para conseguir tirar seus filhos do porão no futuro você precisa ensiná-los agora que eletrônicos, filmes, videogames, esportes e acampamentos que eles gostam têm um preço. Se eles tiverem que pagar tudo ou pelo menos parte do preço eles irão apreciar mais. Você também pode evitar pagar por algo que seu filho queira somente até conseguir aquilo. Se ele não está disposto a ajudar a pagar pelo menos metade, ele provavelmente não queira aquilo tanto assim.

4. Não mexa os pauzinhos. Alguns jovens têm dificuldade quando começam a trabalhar e percebem que as regras também se aplicam a eles. Eles precisam chegar no horário e fazer o que o chefe mandar. E (ai, ai!) parte do trabalho eles nem gostam de fazer. Se você não gosta do professor do seu filho, do seu parceiro de ciências, sua posição no campo de futebol ou no ponto de ônibus evite a tentação de mexer os pauzinhos para que seu filho consiga as coisas do jeito que ele preferir. Você está roubando a chance do seu filho de tirar o melhor e aprender com a situação. Lidar com uma situação menos que ideal é algo que ele terá que fazer o tempo todo na vida adulta. Se a criança nunca aprender a lidar com isso, você a está levando ao fracasso.

5. Faça-os fazer coisas difíceis. Não interfira automaticamente e tome conta quando as coisas se tornarem difíceis. Nada dá a seus filhos um melhor impulso de confiança do que não fugir do problema e realizar algo difícil por eles mesmos.

6. Dê-lhes um relógio e um despertador. Seu filho estará melhor se aprender as responsabilidades de controlar seu próprio tempo. Você não estará sempre lá para pedir pra ele desligar a TV e ir para seus compromissos.

7. Não compre sempre o melhor e o mais recente. Ensine seus filhos a terem gratidão e satisfação pelo que eles têm. Estar sempre preocupado com o próximo grande lançamento e quem já o tem vai levá-los a uma vida de dívidas e infelicidade.

8. Deixe-os experienciar a perda. Se seu filho quebrar um brinquedo, não compre um novo para substituí-lo. Ele vai aprender uma valiosa lição sobre cuidar de suas coisas. Se seu filho esquecer de entregar uma tarefa na escola, deixe-o ficar com uma nota mais baixa ou faça-o ir conversar por si mesmo com a professora sobre conseguir crédito extra. Você estará ensinando responsabilidade - quem não quer filhos responsáveis? Eles podem ajudá-la a se lembrar de todas as coisas que você se esquece de fazer.

9. Controle a mídia. Se todos os outros pais deixassem seus filhos pularem de uma ponte você também deixaria? Não deixe seu filho assistir a um filme ou jogar um videogame que seja inapropriado para crianças só porque as outras crianças o fizeram. Se você defender e lutar por manter a educação decente de seus filhos outros podem seguir suas ações. Crie uma pressão positiva.

10. Faça-o se desculpar. Se seu filho fizer algo errado, faça-o confessar e enfrentar as consequências. Não varra a grosseria, bullying, ou desonestidade pra debaixo do tapete. Se você errar, dê o exemplo e encare as consequências de seu erro.

11. Importe-se com suas maneiras. Até mesmo crianças pequenas podem aprender as noções básicas de como tratar outro ser humano com respeito e dignidade. Ao fazer da boa educação um hábito você estará fazendo a seus filhos um grande favor. Boas maneiras é o caminho certo para conseguir o que você quer. "Você pega mais moscas com mel do que com vinagre."

12. Faça-os trabalhar - de graça. Seja ajudando a avó no jardim ou voluntariando-se para ser tutor de crianças mais novas, faça o serviço parte da vida de seus filhos. Isso os ensina a olhar além de si mesmos e ver que outras pessoas também têm necessidades e problemas - às vezes maior do que sua própria.

Com todo o tempo que você passar sendo má, não se esqueça de elogiar e recompensar seu filho por comportamento excepcional. E sempre se certifique que eles saibam que você os ama. Com um pouco de sorte, seus filhos podem virar o jogo e fazer sua geração conhecida por sua esperança e promessa.

Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original 12 ways to be the meanest mom in the world, de Megan Wallgren.
- See more at: http://familia.com.br/12-maneiras-de-ser-a-pior-mae-do-mundo#sthash.jaQ5JWJB.dpuf

http://familia.com.br/12-maneiras-de-ser-a-pior-mae-do-mundo

23.9.13

A importância do brincar para o desenvolvimento infantil

Para a criança, o brincar é a sua linguagem, a maneira encontrada para se expressar no mundo e comunicar a sua realidade interior. É através das brincadeiras e jogos que a criança expressa suas alegrias, frustrações, habilidades e dificuldades. O ato de brincar é considerado uma atividade essencial no desenvolvimento infantil.
Os conceitos de criança e de infância já foram diferentes do que conhecemos hoje. Por muito tempo acreditava-se que a criança era apenas um “adulto em miniatura”, daí a necessidade de trabalhar para ajudar a família desde cedo.

A infância e a vida adulta eram consideradas semelhantes, hoje já se sabe que o período da infância é a base para todo o aprendizado posterior da criança e que o brincar é tão importante quanto o estudar. Vygotsky, teórico da área do desenvolvimento intelectual infantil afirmava que “ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade. Já Piaget, outro importante teórico, afirmava que “Brincar é o trabalho da infância.”

Os pais devem valorizar as brincadeiras e jogos


É essencial que os pais participem desse processo, mais importante do que o próprio brinquedo é a presença do adulto disposto a interagir com a criança. A brincadeira proporciona o fortalecimento do vínculo, proporcionando a criança condições psicológicas, afetivas e cognitivas para lidar com as suas próprias circunstâncias.

Ao brincar a criança consegue aprender e compreender o mundo em que vive, experimenta possibilidades e desenvolve sua criatividade. Muitas brincadeiras possibilitam o contato com situações e problemas vivenciados para lidar de uma melhor maneira com eles e até mesmo encontrar uma solução. A criança deve brincar com o brinquedo que desejar, não importa se for uma menina com um carrinho ou um menino brincando de casinha, as crianças irão repetir muitas vezes situações e padrões de comportamento que foram observados no dia-a-dia. A educação não ocorre apenas na escola, mas juntamente com pais (a maior referência para a criança é a sua família) e sociedade, a criança será um reflexo do que for ensinado por estes.

Ao brincar a criança necessita focar sua atenção na brincadeira e desenvolve a sua criatividade, curiosidade, autoconfiança, motivação, empatia, cooperação. Aprende a lidar com as frustrações, as regras, ganhar e perder nos jogos e outros conhecimentos e habilidades em relação ao seu comportamento necessários para o cotidiano.

A importância do brincar para o desenvolvimento infantil


 Brincar é terapêutico


Chamamos de ludoterapia a técnica psicoterápica de abordagem infantil que se baseia no lúdico, no fato de que brincar é um meio natural de auto-expressão da criança. Através dessa abordagem a criança se expressa utilizando brinquedos terapêuticos e jogos brincadeiras. Dessa forma é possível que a criança aprenda a expressar sentimentos que estavam guardados como frustração, mágoa, agressividade...


A mãe também brinca


Você sabia que a mulher adulta também brinca de ser mãe? Alguns autores afirmam que a mãe também brinca com seu bebê mesmo antes do seu nascimento, pois ela fica imaginando/idealizando como será ser mãe e associa as lembranças de sua infância, quando brincava com sua boneca. Após o nascimento do bebê já há uma relação criada da mãe para com o bebê e do bebê para com a mãe, pois esse já reconhece sua voz que ouvia desde o útero. No início, essa relação acontece como se o bebê fosse o brinquedo (a boneca) de sua mãe, a partir dessa interação a criança vai aprendendo a linguagem do brincar e se apropriando dela.

por Maylu Souza

Enfermeira, Pós-Graduada em Obstetrícia, Saúde Pública e Docência do Ensino Superior. Graduanda em Psicologia e Psicanalista em Formação. Pretende atuar na área de Saúde Materno-Infantil e Saúde Mental. Escreve também o Maternagem.
Fonte: Pediatria Brasil
http://www.pediatriabrasil.com.br/2013/09/importancia-brincar-crianca-desenvolvimento-infantil.html#sthash.rQxgPAhw.dpuf

12.9.13

Depressão infantil não é frescura




Não é raro, as crianças expandirem os sintomas emocionais para o físico, apresentando dores de cabeça constantes, dores abdominais, sensação de aperto no peito e respiração curta, roer unhas, cutucar a pele (entre outras).

Para além desses sintomas, a criança está hiperativa, muito pessimista e acorda, na maior parte das vezes, cansado – Estes podem ser os primeiros sintomas, embora não únicos, de uma depressão infantil. Há cada vez mais crianças até os 12 anos de idade, clinicamente depressivas, segundo a OMS. O pior de tudo, é que muitos pais não percebem os sintomas e acabam sendo influenciados com a idéia de que é normal e que toda criança tem oscilação de humor. É uma fase e vai passar.

Todavia, nem todos os pais ignoram a sintomatologia, como é o caso de Liliam mãe de Pedrinho, com oito anos de idade. Ela começou a desconfiar de que algo não ia bem com ele – seu comportamento estava alterado. Ele não parava quieto e ao mesmo tempo começou a ser mal educado e irritadiço. Liliam insistiu com Pedrinho e ele acabou assumindo que estava sendo “perseguido”na escola por colegas mais velhos e que viviam ameaçando-o, caso ele não cumprisse as tarefas determinadas pelo grupo opressor. Pedro tinha muito medo de ser submetido a violência física e de ser chamado, pelos, amigos de covarde. Sua angústia e ansiedade estavam a flor da pele.

Para que o desenvolvimento da criança não seja comprometido, os pais têm que estar atentos a linguagem própria de cada idade. E, acima de tudo dar crédito as mensagens verbais e não verbais de seu filho.

No caso de Pedrinho, sua mãe estava “antenada” e logo procurou ajuda terapêutica. O pior de tudo é o preconceito ou negar que a criança está com algum problema emocional. Essa atitude só piora o quadro e reduz a autoestima da criança, deixando-a mais fragilizada e amedrontada.

Eu tive a oportunidade de atender uma mãe com a queixa de que sua filha tinha sintomas semelhantes ao que eu descrevi acima. Entretanto, ela negou que isso pudesse estar acontecendo com sua filha, que ela era uma criança para ter depressão e que meu diagnóstico emocional era um disparate, tendo em vista que sua filha não apresentava motivos concretos para deprimir – ela tinha tudo que queria e não lhe faltava nada.

Existem motivos para uma criança deprimir?

As razões para uma criança chegar a esse ponto, em sua maioria, está relacionada com a desestruturação nas relações familiares, aumento de divórcio e o fato dos progenitores passarem tempo reduzido com seus filhos. A criança começa a criar um sentimento de solidão e sente que a casa (lar) deixa de ser um ambiente seguro, acolhedor e protetor para elas.

Como abordar o problema?

Eu, em particular, procuro ter alguns encontros com a criança e depois faço uma abordagem familiar. Tenho tido boas experiências. Contudo, nesse assunto, não existe certo ou errado. O importante é que os pais estejam atentos aos filhos e caso percebam que algo está diferente no comportamento deles, a ajuda deve ser procurada. Lembrar também que os pais são os verdadeiros terapeutas de seus filhos e a proximidade afetiva é que garantirá o sucesso do prognóstico.

Fonte: www.terapeutadebebes.com.br

10.9.13

Quando a Terapia Mãe-Bebê é Necessária

Quando a Terapia Mãe-Bebê é Necessária?

Muitas mulheres passam por momentos conturbados em suas vidas, quando deparam com a impossibilidade de realizar seu sonho tão esperado, o de ser mãe. 

Algumas partirão para o ataque e se submeterão a inseminação artificial, a tratamentos hormonais e sei lá mais o que, que a tecnologia médica, dispõe nos dias atuais. Outras mulheres optarão pela adoção. Outras sentiram a maternidade como algo estranho, independente de terem tido um filho por vias naturais ou não. 

É de se esperar que conflitos apareçam frente a qualquer uma das opções. Mas o desejo de ser mãe se torna imperativo e as barreiras iniciais podem ser vencidas. Após uma adoção, uma gravidez induzida ou natural não é infreqüente a recém mãe ter algum grau de dificuldade em se vincular ao seu bebê. Ela desempenha suas tarefas maternas com todo seu afinco: alimenta o seu filhinho, troca-lhe as fraldas, coloca-o para dormir e etc. 

Apesar de todos os cuidados oferecidos, esta “novata” ainda não sentiu o despertar da paixão em seu coração – ou seja, a dificuldade de vinculação mãe-bebê. O que fazer quando isso acontece? Fingir que não está acontecendo nada, delegar os cuidados da criança a uma pessoa teoricamente mais competente ou procurar ajuda? 

Penso que a procura por ajuda seja a maneira mais correta de resolver o impasse e a forma mais sincera de reconhecer que alguém pode se dispor a mostrar um novo caminho rumo a interação e melhora da relação afetiva. Para tanto podemos contar com uma terapeuta de bebês ou também conhecida por terapeuta mãe-bebê ou ainda terapeuta pais-bebê. 

Não estou aqui querendo afirmar que a terapeuta de bebes é para ser utilizada a todas as famílias, mas sim para casos bem direcionados. Ela é indicada para casos onde as famílias apresentam dificuldades em se relacionar com seu recém chegado, produzindo sofrimento não só na díade mãe-bebê, mas também com repercussões de tristeza e dificuldades vinculares na família como um todo. 

Os sintomas de desajuste vincular, pode englobar: os distúrbios de sono, alimentação e de afetos na criança e sentimentos de menos valia e baixa autoestima na mãe. Não é infreqüente após a vinda do bebê ao lar, a mãe sentir-se insegura, ter pensamentos e sentimentos ambivalentes pelo bebê e reviver sua própria história (de bebê e de criança) neste período. 

A fase de adaptação que poderia transcorrer sem muitos percaussos, se transforma em uma enorme nuvem negra com muita chuva, relâmpagos e raios. Dependendo da resposta emocional da mãe, ela pode acabar sofrendo em sua própria solidão os sentimentos de desafeto e desamparo, acompanhado de forte sentimento de incapacidade de cuidar e acolher seu filhinho. 

Muitos desses afetos estão relacionados com o desejo de um filho idealizado que ao chegar em casa não corresponde ao ideal dos sonhos maternos e ai a dura realidade se interpõe as fantasias iniciais de ter um filho. Filho este real e para sempre. 

Dependendo da rede de apoio dessa mulher, ela pode se sair muito bem e superar a fase conturbada. Poderá contar com o esposo, parentes e amigos próximos que lhe dará continência e afeto para seguir em frente na jornada de ser mãe. Entretanto, essa mesma mulher pode evoluir para uma história clínica mais severa e um quadro de depressão pós-parto (DPP) pode se instalar. 

A DPP não é tão rara e pode incidir em 10 a 15% das puérperas. Exibe sintomas acentuados de tristeza, insônia, alteração do apetite, rejeição ao bebê, adnamia e avolição. A mulher, quando tem um bebê, ela se fragiliza de uma maneira natural e esperada, e é esta fragilização, normal e esperada que a aproxima de seu bebê. 

Entretanto, em algumas mulheres essa regressão saudável não acontece e a intercomunicação mãe-bebê se torna deficitária e prejudicada. Não nego que a vinda de uma nova pessoinha ao lar requer uma adaptação e maior flexibilidade do sistema familiar e da própria conjugalidade. 

A mulher acaba dormindo menos, os afazeres da casa e o conflito com o lado mulher ressurgem como fantasmas que assombram e parece que não querem ir embora. 

A vantagem de tudo isso, é que é uma fase passageira e logo as coisas entram no ritmo esperado. Por outro lado, quando isso não caminha de maneira suave ou quando a crise no novo ciclo de vida se acentua, é bom saber que existe um profissional da área emocional, que pode nos ajudar e partilhar um caminho mais suave e lentamente tornar reparador e funcional as relações, dentro da nova realidade estabelecida – a chegada do bebê ao lar.




7.9.13

Maternidade

Nós estamos sentadas, almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em “começar uma família”.

— Nós estamos fazendo uma pesquisa — ela diz, meio de brincadeira. — Você acha que eu deveria ter um bebê?

— Vai mudar a sua vida — eu digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.

— Eu sei — ela diz. — Nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas…

Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.

Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar: “E se tivesse sido o MEU filho?”; que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar; que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.

Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzí-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote; que um grito urgente de “Mãe!” fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.

Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.

Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina; que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino, ao invés do feminino, no McDonald’s, se tornará um enorme dilema; que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.

Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, se questionará constantemente como mãe.

Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que jamais se sentirá a mesma sobre si mesma; que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho; que ela a daria num segundo para salvar sua cria — mas que também começará a desejar mais anos de vida, não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.

Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias, se tornarão medalhas de honra.

O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.

Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que, através da história, tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.

Eu espero que ela possa entender por que eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que me torno temporariamente insana quando discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro dos meus filhos.

Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta.

Quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Quero que ela prove a alegria que, de tão real, chega a doer.

O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.

— Você jamais se arrependerá — digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto-lhe a mão e faço uma prece silenciosa por ela e por mim e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho esse que é o mais maravilhoso dos chamados; esse presente abençoado de Deus, que é ser mãe.

(autor desconhecido)

2.9.13

"Escola antes dos 3 anos é um erro"

Nos primeiros anos de vida, as crianças só precisam do amor dos pais, afirma o best-seller Steve Biddulph

Um dos autores mais bem-sucedidos da psicologia infantil, o britânico Steve Biddulph, de 51 anos, não se envergonha de jogar um balde de água fria nas conquistas femininas dos últimos 40 anos. Em vez de sair para trabalhar, ele diz que as mães – e os pais também – deveriam ficar em casa com seus filhos até eles completarem 3 anos. O motivo é a inadequação das creches modernas às necessidades das crianças dessa idade, que, segundo Biddulph, precisam muito mais de amor e carinho do que de brincadeiras com gente estranha. 

ENTREVISTA
Steve Biddulph
VIDA PESSOAL 
Nasceu em 1956, em Yorkshire, na Grã- Bretanha. Mora em Evandale, na Austrália. É casado com a escritora Shaara Biddulph

O QUE PUBLICOU 
Entre as obras que publicou, traduzidas em 27 idiomas, estão o best-seller Criando Meninos, O Segredo das Crianças Felizes, Momentos Mágicos com Seus Filhos, Filhos: Nossa Imortalidade e, o mais recente, Criando Bebês Felizes, em que condena creches para bebês 

ÉPOCA – Estudos dizem que as crianças devem ir para a escola quanto antes. Por que o senhor discorda?
Steve Biddulph
 – Bebês não foram feitos para ir à escola nem para ser cuidados em grupo. Eles crescem e aprendem melhor quando têm um ou dois adultos cheios de amor exclusivo. Minha pesquisa é clara nesse sentido: até os 3 anos de idade da criança, é a família que tem condições de interagir com ela para um bom desenvolvimento cerebral. Ou seja, com intensidade e sintonia. É assim que o bebê aprende a se aproximar e a criar empatia – e adquire o que chamamos mais tarde de “inteligência emocional”. A melhor hora de colocar a criança na escola é a partir dos 3 ou 3 anos e meio. O certo é começar com três manhãs por semana de jardim-de-infância, com atividades educativas. Isso é bem diferente de deixar a criança todos os dias numa creche de período integral.
ÉPOCA – Qual a importância da adaptação escolar no aprendizado da criança?
Biddulph
 – Estudos sobre estresse e níveis de cortisol no sangue mostraram que bebês na fase de aprender a andar sofrem o dobro de estresse quando são separados da mãe e inseridos numa creche. Foi constatado que por meses o nível de cortisol se mantém alto. Sabemos que cortisol elevado faz mal, porque atrasa o desenvolvimento do cérebro, atrapalha o sistema imune e até reduz o crescimento. Os estudos constataram que as crianças que aparentavam bem-estar, na verdade, permaneciam estressadas – elas aprenderam a esconder a emoção e a lidar com ela. É importante lembrar que, nessa fase, a idade e o preparo são cruciais. O que pode ser valioso e excitante para uma criança de 5 anos pode ser devastador e traumático para outra de 1 ano e meio. Desenvolvimento infantil é isso: a coisa certa na hora certa.
ÉPOCA – Pesquisas demonstram que as crianças se desenvolvem melhor quando são estimuladas a ganhar independência. Como oferecer a elas essa oportunidade sem prejudicá-las?
Biddulph
 – Dos 3 anos em diante, elas começam a brincar socialmente. Antes disso, elas na verdade vêem outras crianças mais como fontes de concorrência e ameaça que como companhia. Quem brinca com as crianças pequenas são as mais velhas ou os adultos. Você não vê bebês tomando conta uns dos outros. Eles apenas brigam. Forçar essa interação social pode atrapalhar o aprendizado, de acordo com estudos internacionais que acompanharam milhares de crianças. Eles descobriram um fator de risco triplo: as muito novas que vão à creche com freqüência e passam muitas horas ali se tornam agressivas, ansiosas e desobedientes. E perdem o vínculo com a mãe. É importante ver isso em perspectiva. O número de crianças “desajustadas” cresce de 6% (em lares de bebês criados em casa) para 17%, nesses casos. Os pesquisadores acreditam que provavelmente toda criança criada em creche é de alguma forma prejudicada. Mas não criemos pânico. Pôr seu filho numa creche não é crime, mas é uma opção menos valorosa.
ÉPOCA – O que há de errado com as creches?
Biddulph
 – Para algumas crianças, pode ser uma experiência triste e danosa. O que se aprende nos primeiros anos de vida é a socialização: como confiar, se sentir seguro e ser alegre. Esse aprendizado é precioso demais para colocá-lo em risco no ambiente caótico de uma creche, barulhenta, com crianças demais. As creches estão distantes da imagem idealizada que elas vendem. A equipe muitas vezes é desqualificada, e os profissionais mais atenciosos costumam estar ocupados e estressados. Ali, as crianças são tratadas como grupo e não podem ser amadas ou cuidadas individualmente. As interações amorosas que elas têm com a mãe e o pai centenas de vezes por dia acontecem menos de 20% do tempo na creche. Estudos com gravações em vídeo mostram que bebês nessa situação acabam desistindo de pedir atenção e tornam-se depressivos. Ficam quietos e aí são considerados bons bebês.
Nas creches, as crianças não podem ser amadas individualmente. Os bebês desistem de pedir atenção, ficam quietos e aí são considerados bons bebês
ÉPOCA – Como pais que trabalham o dia inteiro podem dar atenção suficiente aos filhos pequenos?
Biddulph
 – O direito à maternidade e à paternidade é uma questão de justiça social. Em algumas sociedades, como nas Filipinas e na África do Sul, os pais são forçados a viver longe dos filhos por razões econômicas. É muito triste. Essa é a tragédia da industrialização. Em todo o planeta, famílias têm sido devastadas por modelos assim. Na vida em comunidade e nas aldeias indígenas, as famílias ficam unidas durante o dia. Os avós são tão bons quanto os pais, e parentes fazem um trabalho melhor que qualquer creche na maior parte dos casos. É por isso que estou fazendo campanha. Até as pessoas mais ricas têm seu papel nessa mudança, pois dão o exemplo. Nos países ricos, são os ricos que põem suas crianças em creches e têm menos tempo para cuidar delas. As pessoas pobres detestam ficar separadas de seus filhos e tendem a preferir que um membro da família tome conta das crianças enquanto trabalham.
ÉPOCA – O senhor está sugerindo que mães que colocam seus filhos em escolas os amam menos?
Biddulph
 – A oferta de babás baratas para mães ricas nos países em desenvolvimento é uma tentação. Enquanto a mãe cuida da casa, a babá cuida do bebê. Como o bebê interpreta isso? Como se ele fosse tão importante quanto a faxina? Ser mãe ou pai não é coisa fácil: é algo para aprender. Se deixar a criança em uma creche for inevitável, os seguintes fatores devem ser levados em conta: quanto menos crianças por cuidador, melhor; equipe perene (para uma relação estável) e cuidadores bem pagos (para que eles se sintam bem ali). Minha pesquisa mostrou o efeito das horas em uma creche sobre as crianças. Até 1 ano de idade, não se recomenda creche por nem um minuto. Até os 2 anos, dois dias curtos (meio período) por semana. Até os 3 anos, três dias curtos por semana são aceitáveis.
ÉPOCA – Em seu livro, o senhor afirma que “tudo de que os bebês precisam é amor”. Como eles experimentam esse amor?
Biddulph 
– Amor tem a ver com tempo. Quando você vê um pai amável com seu filho de colo, o tempo escoa, parece lhe restar todo o tempo do mundo. A pressa é inimiga do amor, porque o corrói e destrói. Temos de combater isso para proteger pais e filhos do estresse. Quando somos amados, nossas emoções são apaziguadas. Há muita risada, música e cantoria. Aprendemos a nos recuperar do estresse rapidamente. É difícil tornar-se amável sem ter passado por essa experiência. E a melhor fase para sentir isso é na primeira infância, nos braços dos pais. É quando se desenvolve a parte do cérebro que ama: o córtex frontal, que reconhece um sorriso, aprecia um afago, vê o mundo como seguro e interessante.